Olga Benario - Uma Vida Pela Revolução | Crítica
<i>Olga Benario - Uma Vida Pela Revolução</i>
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Este ano o público brasileiro conheceu a fundo a história de Olga Benário. O filme de estréia de Jayme Monjardim no cinema já é um dos mais assistidos do ano e foi escolhido para tentar vaga no Oscar do ano que vem. Nada mais natural que o Festival do Rio programasse o documentário do diretor de Galip Iyitanir sobre a vida da militante comunista. Olga Benário: Uma Vida Pela Revolução (Olga Benario - Ein Leben für die Revolution, 2003) é a chance de consertar alguns erros cometidos na produção brasileira.
O filme de Iyitanir mistura documentário e ficção. Olga Benário, nascida em Munique, aos 15 anos se filia à Juventude Comunista e conhece o oficial Otto Braun, por quem se apaixona. Depois de ajudá-lo em uma fuga, Olga e Otto seguem para a União Soviética. Lá, ela recebe a missão de acompanhar o brasileiro Luís Carlos Prestes de volta ao seu país. Juntos, eles participam da Intentona Comunista que foi fortemente reprimida pelo exército de Vargas. O caso de amor entre os dois também terá fim trágico: Prestes ficará preso por anos e Olga, grávida, será extraditada para a Alemanha nazista, onde morrerá numa câmara de gás.
É impossível não comparar o documentário ao longa nacional. No filme de Monjardim, a filha de Olga nasce no campo de concentração. Fato esse impossível, pois só quem escapou do destino trágico dos campos foram os que conseguiram fugir, os libertados pelas Forças Aliadas e os abandonados pela fuga das tropas alemãs. A filha de Olga nasceu quando sua mãe estava num presídio comum, antes de ser transportada para o campo de concentração. Monjardim, noveleiro de carteirinha, não perderia a oportunidade de dramatizar ainda mais a vida da revolucionária.
Outro fato interessante relatado no documentário foi a promessa da Gestapo de enviar Olga para qualquer país que a aceitasse, desde que não fosse europeu. O México aceitou recebê-la, mas infelizmente com a explosão da Segunda Guerra Mundial, as negociações foram cessadas. Tudo bem que a Olga do cinemão não tem a obrigação de ser fiel à história, até porque o cinema de ficção não tem esse compromisso, mas o filme foi divulgado como um relato verídico dos acontecimentos.
Nas partes da reconstituições dos fatos históricos, os atores dão conta do recado, com destaque para a atriz Margrit Sartorius, que possui uma impressionante semelhança física com Olga. O cineasta ainda coletou depoimentos de vários estudiosos do assunto, inclusive de Fernando Morais, que escreveu o livro em que foi baseado o filme de Monjardim. Iyitanir faz um relato passo-a-passo da revolucionária, desde seu nascimento até a sua morte, utilizando-se de imagens da época, documentos e também fotos. Uma peculiaridade da obra é o uso de uma dupla de repentistas que narra toda a trajetória da revolucionária. Quem realmente quiser saber mais sobre esse personagem histórico e fascinante deve garantir seu ingresso. O documentário ainda não foi comprado por nenhuma distribuidora e dificilmente será exibido em circuito nacional.
