Micaela - um filme mágico Micaela - Una Película Mágica Argentina, 2004 Infantil - 83 min. Direção: Rosana Manfredi Roteiro: Fernando Azpiri Elenco: Micaela Casotto, Mario Bogado, Tomas Crespo, Luciano Acosta, Brenda Mora, Camila Franco, Arialdo Jiménez, Daniel Kargieman, Chunchuna Villafañe, Pipo Cipolatti

A Xuxa pode ficar tranqüila. Nossos vizinhos argentinos conseguiram fazer um filme voltado para o mercado infantil pior que as já tradicionais produções de fim de ano estreladas pela Rainha dos baixinhos. Micaela - Um filme mágico (Micaela, una película mágica, 2002) chega ao mercado brasileiro com três anos de atraso. Mas se não fosse lançado, ninguém sentiria falta. Pelo contrário, o longa é tão fraco que chega a ser uma afronta quando comparado aos recentes filmes argentinos exibidos por aqui. Se a formação da diretora Rosana Manfredi é o cinema publicitário como diz seu currículo, é de se imaginar quantas empresas faliram depois que tiveram suas peças publicitárias feitas por ela.

Já a protagonista Micaela Casotto é uma versão infantil da Rainha dos baixinhos. Ela tem o mesmo nome que o personagem do filme e ficou famosa por fazer imitações num programa de TV. Na história, Micaela adora animais, ama desenhar e brincar com seus amigos. Ela respeita a natureza e está sempre pronta para ajudar as pessoas. Ama todos os animais, especialmente seu poodle Pólo e um misterioso passarinho. É esta ave que servirá de ponte para sua entrada num mundo da fantasia em que personagens vivem felizes numa dimensão paralela onde são retratados em formato de desenho animado. Ao ser convocada para uma importante missão, Micaela é transportada para esse universo e também se transforma em desenho. Porém, ao retornar ao mundo real, ela ganha os poderes de ficar grande ou pequena e isso irá ajudá-la a enfrentar o vilão Dr. Black, que quer tirar as cores de todas as coisas do mundo.

A produção parece um subproduto do filme Super Xuxa contra o Baixo Astral (1988). Até o Dr. Black é uma cópia sem maquiagem do Baixo Astral, o vilão interpretado por Guilherme Karan. E isso não é tudo. Os personagens são todos caricatos e a dublagem é de matar. Lembram muito aquelas séries tipo Chiquititas exibidas exaustivamente pelo SBT. Tudo bem que nas produções infantis tudo é exagerado para facilitar a compreensão das crianças. Mas esse não é o caso. Aqui, o público infantil é tratado como se tivesse problemas mentais. Tudo é muito artificial e forçado, o que é um absurdo já que as crianças de hoje vêem surpreendendo com sua alta capacidade de raciocínio.

A falta de bom senso dos produtores é tanta que os pequeninos com discernimento podem ficar traumatizadas e os adultos sentirão na pele as torturas que o personagem Alex sentiu em Laranja Mecânica (de Stanley Kubrick, 1971). O roteiro é um amontoado de cenas sem uma linha narrativa. A única coisa que se salva é quando Micaela vira desenho. E nem mesmo isso é suficiente, já que os realizadores teimaram em colocar vários tipos de técnicas de animação, tornando-o uma salada indigesta.

Com uma história chinfrim e cenas que não transmitem nenhum tipo de emoção real, a solução foi criar uma trilha sonora pavorosa que é utilizada a todo instante para catequizar o espectador. Se estiver na hora de sentir emoção, entrará uma música para tentar nos forçar esse sentimento. Na hora do perigo, pode ter certeza de que subirão o volume de novo.

E como sofrimento pouco é bobagem, eles ainda tentaram copiar os excelentes encerramentos dos filmes protagonizados por Shrek, com uma música animada e os personagens dançando e brincando com ícones do mundo pop. E quando a gente pensa que o martírio acabou, ainda colocam a protagonista com seu passarinho dizendo uma frase de efeito. Se esse é o mundo colorido de Micaela, prefiro me juntar ao lado negro da força.

Micaela - Um Filme Mágico

Micaela, Una Película Mágica

2002

25.03.2005

90 min

Infantil

País: Argentina

Classificação: LIVRE

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