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Crítica

Meninas Não Choram | Crítica

<i>Meninas não choram</i>

MH
18.12.2003, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 17H08

Meninas não choram
Große Mädchen weinen nicht

Alemanha, 2002
Drama - 87 min.

Direção: Maria von Heland
Roteiro: Maria von Heland

Elenco: Anna Maria Mühe, Karoline Herfurth, Josefine Domes, David Winter, Tillbert Strahl-Schäfer , Stefan Kurt, Nina Petri , Gabriela Maria Schmeide

O cinema alemão anda valorizado, com boas surpresas como Adeus, Lênin! (Good Bye, Lenin!, de Wolfgang Becker, 2003). Mas cuidado antes de encampar qualquer película germânica, pois há muita marola sendo vendida ao mundo como grande vagalhão nessa maré. Uma dica: atente para o selo Columbia Tristar Pictures e procure evitá-lo.

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A facção Deutsche da produtora e distribuidora costuma exportar tramas enlatadas, de fácil digestão, o que não significa qualidade certa. Assim aconteceu com os fracos Anatomia (Anatomie , de Stefan Ruzowitzky, 2000) e O que fazer em caso de incêndio? (Was tun, wenns brennt?, de Gregor Schnitzler, 2001). E a sina se reprisa com Meninas não choram (Große Mädchen weinen nicht, 2002), da sueca Maria von Heland.

Imagine (mais) um filme sobre a perdição da juventude, feito por adultos moralistas. Pensou no amargurado e polêmico Larry Clark? Pois Meninas não choram não tem nem metade do vigor de um Kids (1995) ou de um Aos Treze (Thirteen, de Catherine Hardwicke, 2003), filme mais próximo do seu enfoque feminino. Na verdade, Maria von Heland recicla o que há de pior nos chavões do gênero, como a previsibilidade, o maniqueísmo e as lições de amizade, amor e família. E ainda adiciona elementos equivocados como música pop adolescente, animadinha, num cenário de desolação pura. Mais deslocado, impossível.

Na trama, as amigas Kati (Anna Maria Mühe) e Steffi (Karoline Herfurth), na faixa dos dezessete anos, dividem o amadurecimento precoce. Lindas, unidas, liberais, assistem à queda rápida do seu mundo quando descobrem o adultério do pai de Steffi. Não apenas isso: descobrem que a traição já dura anos, e que há uma filha na família paralela, Tessa (Josefine Domes), pouco mais velha que as duas meninas. A inocente Kati não consegue evitar - começa um círculo de vinganças movido pela descontrolada Steffi que levará todos à ruína.

Meninas não choram começa bem, enquanto exibe algumas peculiaridades do universo feminino adolescente: vistos como um objeto exclusivo de desejo, homens são poupados da ira em meio à competição das garotas. Esse paradigma muda quando a traição do pai de Steffi escancara a fraqueza dos machos. A partir daí, o filme também desanda.

Fica até engraçado acompanhar a caracterização de Kati e Steffi. A família de Kati é religiosa e briguenta, mas unida; a de Steffi é moderna, mas uma fraude mascarada. Kati é uma loirinha meiga, Steffi é ruiva, sardenta, de olhos de fogo. Steffi cheira cocaína e transa frigidamente, Kati esconde camisinhas no urso de pelúcia e transa romanticamente num milharal com o seu grande amor. E por aí vai...

Não há filme que resista a um desenho tão óbvio dos seus personagens. Entre o branco e o preto, não existe qualquer tom cinzento, qualquer profundidade psicológica por trás dos estereótipos. Ademais, está longe de surgir um filme que retrate os perigos e as transformações da juventude com a devida parcimônia, sem um olhar de superioridade.

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