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Nada demais em Ladrão de diamantes (After the Sunset, 2004), filme esquecível estrelado por Pierce Brosnan, Salma Hayek e Woody Harrelson. No entanto, a descarada falta de ambição da produção acaba agindo a favor da história, que se transforma num divertido - e fútil - passatempo.
Mais um exemplar dos filmes de golpes elaborados e gatunos elegantes, Ladrão de diamantes pouco explora essa sua faceta, preferindo concentrar-se nas piadas entre os dois personagens masculinos e na relação entre o casal principal. A opção incomodou boa parte do público norte-americano, que esperava ver o ex-James Bond agindo como um dos integrantes da gangue de Danny "11 homens" Ocean. Mas o diretor Brett Ratner não é o cultuado Steven Soderbergh e tem nas comédias seus maiores êxitos, como a série A hora do rush, o que explica a mudança de foco.
Ambientado numa paradisíaca ilha caribenha, a comédia policial mostra o casal de ladrões sexy Max (Brosnan) e Lola (Hayek) tentando esquecer os dias de crimes e usufruindo sua vida de luxos, conquistada com os diamantes roubados no passado. Mas enquanto a curvilínea Lola não tem problemas em se adaptar nessa nova situação, o inquieto Max fica logo entediado. O ex-ladrão não consegue acompanhar a profusão de chatos casais em lua de mel no local e a falta da adrenalina de sua antiga ocupação.
O desejo de Max piora ainda mais quando um luxuoso navio de cruzeiro aporta na ilha. Dentre suas atrações está um dos diamantes de Napoleão, uma das únicas peças que ele nunca conseguiu roubar. Porém, com a chegada da preciosidade, chega também o agente Lloyd (Harrelson), enganado por Max no passado, que está determinado a capturar de uma vez por todas o ladrão. A tentação é grande demais para que Max consiga resistir sozinho, mas ele tem ao seu lado a decidida Lola, que usará todas as suas armas para que o marido fique longe do fatídico último golpe.
Os elementos principais funcionam bastante bem, com um tom cômico competente estabelecido pelo diretor e acompanhado pelos astros. É potencializado pelo ótimo trabalho do diretor de fotografia Dante Spinotti, que salta aos olhos. Suas lentes capturam a beleza do Caribe e dos personagens com a mesma precisão. Se a história é fraquinha, pelo menos o visual é extremamente agradável.
O que destoa são justamente as construções mais rebuscadas. Ao tentar montar o golpe sofisticado, o roteirista consegue apenas algumas mornas cenas de ação apoiadas na tecnologia, sem suspense ou criatividade (os dois pilares do bom filme de assalto). Também passam longe de qualquer interesse a excêntrica gangue do personagem de Don Cheadle, um chefão do crime local, e o relacionamento entre a exótica policial Sophie (Naomie Harris) e o agente Lloyd, que soa bastante forçado.
Enfim, é curioso notar como um roteiro fraco e uma direção modesta acabam resultando numa comédia agradável, da qual dificilmente alguém vai sair se sentindo enganado, algo tão comum hoje em dia quanto um celular tocar durante o filme ou haver um casal de tagarelas ao seu lado.
Ano: 2004
País: EUA
Classificação: 12 anos
Duração: 97 min
Direção: Brett Ratner
Roteiro: Paul Zbyszewski, Craig Rosenberg
Elenco: Pierce Brosnan, Salma Hayek, Woody Harrelson, Don Cheadle, Naomie Harris, Chris Penn, Troy Garity, Obba Babatunde, Mykelti Williamson, Rex Linn, Robert Curtis Brown, Mark Moses, Shaquille O'Neal, Michael Bowen, Jeff Garlin, Kate Walsh, Tom McGowan, Joel McKinnon Miller, Rachael Harris, David Reivers, Gillian Vigman
