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Filmes
Crítica

Ken Park | Crítica

<i>Ken Park</i>

ÉB
19.02.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Ken Park, 2002
EUA/Holanda/França
Drama - 93min.

Direção: Larry Clark, Edward Lachman
Roteiro: Larry Clark, Harmony Korine


Elenco
: James Ransone, Tiffany Limos, Stephen Jasso, James Bullard, Mike Apaletegui, Adam Chubbuck, Wade Williams, Amanda Plummer, Julio Oscar Mechoso

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Impossível negar: Larry Clark é dono de uma grife imediatamente reconhecível. Quando um longa do sempre polêmico cineasta independente entra em cartaz, é fácil saber o que esperar. Todos os seus filmes discorrem sobre adolescentes que desperdiçam sua juventude com sexo, drogas e violência.

Entretanto, depois de um início estrondoso com Kids (1995), filme utilizado por pais e professores para educar/chocar filhos e alunos a respeito das drogas e do sexo sem proteção, toda a produção de Clark caiu na mesmice e passou a apresentar pouca profundidade. Ken Park (2003), sua mais recente produção, não é diferente.

Claro, boa parte dos elementos de Kids continuam no quarto longa-metragem do cineasta, bem como a idéia de que os pais e filhos da América não prestam, mas é difícil saber se é o diretor que perdeu vigor ou o tema ficou batido, explorado exautivamente em plena Era Bush. De qualquer maneira, sem a amarração das duras mensagens reacionárias do primeiro filme, tais recursos tornam-se apenas seqüências que parecem servir de mera desculpa para o uso desembestado desses elementos polêmicos.

Ambientado no subúrbio de Visalia, Califórnia, uma cidadezinha entre Los Angeles e Fresno, Ken Park começa com um suicídio em público, com direito a jorro de sangue e imagem congelada, e termina com um casual menàge a trois entre dois meninos e uma garota. Entre os dois pólos, estão histórias que mostram um garoto que transa com a mãe de sua namorada, outro às voltas com um pai machão (cheio de desejos inconscientes) e um terceiro, que aprecia a auto-asfixia enquanto se masturba furiosamente, ao som dos gritinhos de jogadoras de tênis na televisão. Tudo completamente despudorado, pornozão mesmo, passando por momentos de total escatologia que desafiam os estômagos mais sensíveis.

O elenco de jovens é totalmente amador e contrasta com os atores profissionais que interpretam os pais (de famosa mesmo só a Amanda Plummer, de Pulp fiction). Desta vez, Clark também teve ajuda na direção de Edward Lachman, o diretor de fotografia de Longe do Paraíso, talvez para captar melhor a consistência de esperma escorrendo, os ângulos de reflexão da luz pela urina ou a textura dos pêlos pubianos de meninos adolescentes. Desculpe a franqueza, mas, se você decidir encarar o filme, é melhor que esteja devidamente ciente do que vai encontrar.

Pior do que isso, é triste constatar que Clark não compreende o poder do que tem em mãos. Situações que bem manejadas, sem apelação, renderiam uma narrativa decente. Um bom exemplo é a história do rapaz rejeitado pelo pai, que, por bons minutos, parece ser a melhor das tramas paralelas, a mais equilibrada e menos afetada. O menino anda de skate e fuma maconha. O pai julga-o um vagabundo, mas só se distingue do filho pelos hábitos: prefere cerveja, musculação e televisão. Seria um sugestivo retrato do abismo entre pais e filhos e da carência que isso provoca. Infelizmente, ao final da historieta, quando o pai adormece bêbado na cama do filho, Clark não se contém: estraga um desfecho espirituoso com mais uma sessão de pornografia gratuita.

Vale, porém, ressaltar um ponto positivo da película... poder assistir a um filme pornô no conforto do circuito de arte dos cinemas brasileiros. Cuidado apenas com os vizinhos de poltrona... nunca se sabe que tipo de gente pode estar numa projeção da grife Larry Clark.

(Colaborou Marcelo Hessel)

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