Getting the Mans Foot Outta Your Baadasssss! | Crítica
<i>Getting the Mans Foot Outta Your Baadasssss!</i>
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Quentin Tarantino já é uma referência cinematográfica. Muitas vezes, basta associar seu nome a um projeto (Tarantino presents...) para tornar viáveis gêneros considerados menores por Hollywood como as artes marciais, os westerns spaghetti e a blaxploitation, esta última relativa às películas que, nos anos setenta, retratavam o cotidiano de negros nas grandes cidades americanas.
Sem Jackie Brown (1997) de Tarantino, talvez a blaxploitation ainda hoje continuasse sendo um capítulo encerrado da cinematografia americana. Com Getting the mans foot outta your baadasssss!, o cineasta Mario Van Peebles toma esse bonde e narra o esforço de seu pai, o diretor negro Melvin Van Peebles, em lançar seu aclamado filme Sweet sweetbacks baadasssss song de 1971, precursor daquela tendência.
Mario não só realiza um tributo ao espírito empreendedor de Melvin - cujo papel ele próprio interpreta -, mas a toda comunidade negra americana. Como num documentário, inclui depoimentos, mas estes também são interpretados pelos atores. Nos créditos finais, os verdadeiros retratados confirmam os eventos. A título de curiosidade, Adam West, o Batman do seriado dos anos 60, faz uma ponta como produtor de cinema pederasta.
Depois do sucesso de Watermelon man, o primeiro filme de Melvin, a Columbia Pictures dispôs-se a financiar um novo projeto, desde que mais uma comédia. No entanto, assim como outros estúdios contatados em seguida, não aceitou vincular seu nome a um enredo em que um negro se safava após matar dois policiais brancos.
É comovente acompanhar as dificuldades de Melvin. Sem apoio do sindicato dos atores, incluiu cenas de sexo para que a produção ganhasse a conotação pornográfica, podendo contratar amadores. Ele mesmo ficou com o papel principal. A família inteira atuou. Com treze anos na época, o próprio Mario interpretou o protagonista ao perder a virgindade. A equipe de filmagem, formada por gente sem experiência alguma ou técnicos oriundos de minorias raciais, foi um achado. Getting the mans foot outta your baadasssss! é o relato apaixonante dos primórdios do cinema independente no qual Mario Van Peebles parece afirmar que o primeiro passo para se realizar um sonho é acordar.
