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Crítica

Frida | Crítica

Uma personagem tão forte que garante por si só uma boa história

CG
04.04.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H14

Existem personagens que, de tão fortes e complexos, são garantia de uma boa história - mesmo que esta não seja lá muito bem contada. É o caso de Frida Kahlo (1907-1954), pintora mexicana que é considerada a primeira artista surrealista da América Latina.

O filme de Julie Taymor, Frida (2002), é seguramente uma dessas histórias que podem ser contadas sem muita profundidade ou compromisso com a verdade e que, ainda assim, dão um bom resultado final. É certo que não consegue escapar de alguns clichês - como a cena em que a mocinha corta os cabelos para simbolizar uma nova fase em sua vida - o que não chega a desmerecer o conjunto.

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Frida é uma mulher de encantos atemporais. Os traços heróicos encontrados no filme são mais obra de sua diretora e de Salma Hayek (que além de intérprete é produtora) do que da biografia da pintora. Em alguns trechos, uma tentativa de mitificação da personagem fica evidente - o que pode ser justificado em parte pela admiração de Salma (nascida no México e fã declarada de Frida) e em parte pelo martírio vivido pela artista.

A dor e a tragédia perseguiram-na por toda a vida: na infância, a poliomelite lhe deixou uma das pernas mais curta; na adolescência, um acidente com o bonde que a trazia de volta da escola rendeu fraturas na bacia, meses prostrada na cama e uma série de cirurgias ortopédicas mal sucedidas. A vida adulta lhe reservaria outras desgraças, mas ela não se deixaria abater.

Comunista, bissexual, beberrona. Ousada e talentosíssima, esta filha de um imigrante alemão com uma mexicana católica e tradicional decidiu transpor toda e qualquer barreira que a ela se apresentasse. E ainda encontrou tempo para ser uma mulher como tantas outras e ir ao mercado, cozinhar para o marido, cuidar dos sobrinhos...

Foi casada com Diego Rivera (1886-1957), um dos mais importantes artistas mexicanos, ícone do movimento muralista. Era da geração de artistas funcionários do governo mexicano, que patrocinava expressões engajadas de arte, empenhadas em retratar o cotidiano da classe trabalhadora. Tal movimento chamou a atenção do resto do mundo e garantiu a Rivera uma sólida carreira internacional. É a ele que Frida deve a projeção que sua obra teve no exterior, além de uma extensa rede de contatos que eventualmente se convertiam em casos extraconjugais - dos quais, Rockefeller e Trotski são os mais famosos.

A importância de Frida em relação ao marido (vivido por Alfred Molina, em excelente atuação) é fonte de controvérsias. Alguns críticos de arte acusam o filme de distorcer a realidade, projetando a artista muito acima de Rivera. Se existe de fato alguma distorção, é relativa, já que ele não é o foco do filme.

O que importa mesmo é que a evolução da obra da pintora é registrada com precisão, sempre integrada ao desenvolvimento da história. Sem didatismos e com uma montagem deliciosamente inovadora, Julie Taymor ressalta o caráter autobiográfico, quase ególatra dos retratos surrealistas de Frida.

O toque de Hollywood pode ser percebido no sensível embelezamento das personagens - Salma não ostenta os vastos bigodes da Frida real e Alfred Molina é um Rivera muitas vezes melhorado - e no irritante sotaque chicano que os atores imprimem ao inglês que falam. Um destaque quase exagerado é dado às cenas em que Frida se relaciona com outras mulheres e em que Salma Hayek ostenta pouquíssima (e às vezes nenhuma) roupa. O que, com um corpo daqueles, pode aumentar consideravelmente os índices de bilheteria...

Nota do Crítico

Ótimo
Camie Guimarães

Frida

Frida

2002
120 min
Drama
País: EUA, Canadá
Classificação: LIVRE
Direção: Julie Taymor
Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Mía Maestro, Patricia Reyes Spíndola, Diego Luna, Roger Rees, Ashley Judd, Antonio Banderas, Edward Norton, Saffron Burrows, Geoffrey Rush, Margarita Sanz, Omar Rodríguez, Lila Downs
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