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Crítica

Eu Fui a Secretária de Hitler | Crítica

Uma entrevista filmada com bons segredos

25.09.2003, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 20H04

Do ponto de vista da estratégia propagandística, Leni Riefenstahl (1902-2003), diretora de O triunfo da vontade (Triumph des willens, 1934), foi a figura feminina mais destacada do regime nazista. Sob o aspecto afetivo, Eva Braun (1910-1945), fiel apoiadora e amor de Adolph Hitler (1889-1945) desde 1930, também marcou a jornada do III Reich. Já o papel da alemã Traudl Jungl (1920-2002) na Segunda Guerra Mundial não foi de protagonista. Não chegou nem a ser de coadjuvante. Esteve mais para uma ponta quase imperceptível, uma apagada participação especial.

Mas é essa discrição que a faz importante. Como um mordomo impassível que assiste aos vícios do patrão, Traudl acompanhou Hitler no papel de uma de suas várias secretárias pessoais de 1942 até o final da guerra (e da vida do Fuhrer), em 1945. Manteve-se reservada nos anos seguintes, mesmo quando participou de alguns documentários de televisão, nos anos 70 e 90. Mas eis que, em 2001, os diretores austríacos André Heller e Othmar Schmiderer convenceram Traudl a falar. Assim nasceu Eu Fui a Secretária de Hitler (Im Toten Winkel - Hitlers Sekretärin), de 2002.

Moça de 22 anos na época da admissão, Traudl acompanhou Hitler até mesmo no seguríssimo bunker anti-bombas. O seu trabalho era datilografar, mas já em 1942, com os maus resultados da guerra, passou a ser uma das companhias preferidas do Führer - que odiava os almoços e os cafés com generais e problemas pipocando ao seu redor. Assim, Traudl pôde ouvir confidências e observar os hábitos do chefe, como o apego de Hitler por Blondie, uma cadela de estimação, e o funesto ritual de casamento e morte com Eva Braun em abril de 1945.

Curiosidades à parte, bate no espectador a dúvida quanto à posição ideológica de Traudl. E aí reside o grande tesouro do filme: a sinceridade da mulher. A tradução do título fez perder-se uma informação essencial - Im Toten Winkel quer dizer "ângulo cego". Como grande parte do povo alemão, Traudl foi seduzida pela causa, pela imagem imponente do exército nazista, pela proximidade do grande ícone nacional, mas nunca teve acesso aos horrores da guerra. Afinal, o Holocausto só tornou-se conhecido após o julgamento de Nuremberg, que começou em 1946. Comove assistir à mulher reconhecendo a sua própria ingenuidade. E pedindo desculpas por essa cegueira.

Contudo, não trata-se exatamente de cinema, mas de uma entrevista filmada: testemunho ininterrupto de noventa minutos, diante da câmera estática, sem imagens de arquivo. Palmas para Daniel Pöhacker, o montador, que consegue dar à narrativa - à primeira vista insuportavelmente maçante - um ritmo constante.

Seria desejável menos preguiça, mais didatismo e coragem visual? Claro, principalmente para aqueles que não conhecem os meandros do Eixo ou nunca ouviram falar em Goering, Goebbels ou Himmler. Para os iniciados ou aqueles que se interessam pelo tema, porém, o filme guarda revelações magnetizantes.

Nota do Crítico
Bom

Eu Fui a Secretária de Hitler

Im toten Winkel - Hitlers Sekretärin

Ano: 2001

Gênero: Documentário

País: Áustria

Classificação: LIVRE

Duração: 95 min

Onde assistir:
Oferecido por

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