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Crítica

Diabo a Quatro | Crítica

<i>Diabo a quatro</i>

MH
13.11.2003, às 00H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 21H07

Diabo a quatro
Duck Soup - EUA, 1933
Comédia - 70 min

Direção: Leo McCarey
Roteiro:
Bert Kalmar, Harry Ruby

Elenco: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Zeppo Marx, Margaret Dumont, Raquel Torres, Louis Calhern, Edmund Breese, Leonid Kinskey

Por anos, ouvi falar dos irmãos Marx, alicerces da comédia Hollywoodiana, juntamente com O Gordo e o Magro, Buster Keaton (1895-1966), W.C. Fields (1880-1946) e outros imortais. Já conhecia o mais famoso dos irmãos, Groucho (1890-1977), por sua figura caricatural, o charuto sempre à mão e as frases afiadas, presentes em vários livros e coletâneas de humor. Apenas quando a sessão de Diabo a Quatro (Duck Soup, 1933, de Leo McCarey 1898-1969) começa, percebo estupefato que o famoso bigode de Groucho Marx é pintado.

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Essa surpresa deve ser uma sensação comum à geração oitentista, aos filhos da MTV. Sempre incensados, os irmãos não tinham os seus filmes exibidos a novas audiências. Não tinham. Entra em cartaz Diabo a Quatro, considerado o melhor longa do quarteto Groucho, completado por Harpo (1888-1964), Chico (1887-1961) e Zeppo (1901-1979). Exemplar em preto-e-branco de humor clássico, ora físico, ora cerebral, pode até cair com estranheza nos gostos atuais. Mas não há como negar o valor histórico e a qualidade da película.

Para se ter uma idéia da gozação, os créditos iniciais transcorrem enquanto, ao fundo, alguns patos nadam numa panela. Essa é a "sopa" do título original. Durante todo o resto do filme, os patos não aparecem mais. Nem sopa alguma.

A trama transcorre num país fictício, Freedonia, que atravessa grave crise econômica. Os governantes pedem, então, o auxílio financeiro de uma ricaça local, Gloria Teasdale (Margaret Dumont, presente em sete filmes dos irmãos, talvez escalada por não entender, dentro e fora da tela, nenhuma das piadas dos Marx). A mulher coloca uma condição para emprestar o dinheiro: o incompetente presidente deve se afastar, dar lugar para um certo Rufus T. Firefly. Acontece que o tal Firefly, personagem de Groucho, é um picareta folgado e falastrão. Não demora para a situação piorar, a ponto de Freedonia entrar numa hilária guerra com uma nação vizinha, Sylvania.

Cada um dos irmãos possui uma persona. Groucho cospe piadas por segundo num ritmo quase inacompanhável, como se o roteiro servisse exclusivamente como veículo para as suas tiradas. Zeppo, em sua última colaboração com o trio, pouco aparece. Chico e Harpo interpretam os trapalhões enviados de Sylvania para espionar Firefly. Se Chico serve perfeitamente de escada, com o seu sotaque italiano, Harpo rouba a cena como o palhaço inofensivo. Seus tapas, tombos e caretas têm um timing perfeito. A inocência contagiante de Harpo equilibra bem a receita, não deixa o ego de Groucho dominá-la.

Claro, não se trata apenas de um exercício circense. Vale atentar para as cutucadas na política internacional. Da Depressão à memória da I Guerra, inúmeros fatos verídicos reverberam na ficção, ridicularizados em excelentes números musicais e no retrato da burocracia do poder. Entender que as semelhanças não são mera coincidência ajuda na compreensão da importância do filme. Mas para se divertir, basta apenas deixar-se levar pelos Marx.

Muitíssimo prazer em conhecê-los.

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