Contra Todos | Crítica
<i>Contra todos</i>
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Contra Todos, primeiro longa do diretor Roberto Moreira, retrata a vida na periferia de São Paulo - local onde existe lei própria. A violência, consumo de drogas e a falta de esperança fazem parte da realidade dessas pessoas. Moreira não acrescenta nada de novo a esse enredo.
Logo na primeira cena conhecemos todos os protagonistas. Na aridez de um bairro da periferia de São Paulo, vivem Teodoro, sua filha adolescente (Soninha) e sua segunda mulher (Cláudia). Por trás da fachada de homem religioso, Teodoro ganha a vida como matador. Ele bate na revoltada Soninha e trai sua esposa com uma companheira de culto. Cláudia, por sua vez, trai o marido com o filho do açougueiro da vizinhança. Quando o amante de Cláudia é assassinado, ela destrói a casa e foge. O casal tenta recomeçar suas vidas separados, mas nada sai como planejado.
Filmado em câmera digital, devido aos poucos recursos, Moreira não tenta criar nenhum tipo de artifício que prenda o espectador. Tudo bem que o estilo cru de registro ganha um ar de veracidade, mas é muito pouco. Os minutos passam e nada surpreende. Desde o primeiro minuto, é possível prever o que acontecerá no final. O filme padece de ritmo num emaranhado de situações clichês. O matador que abraça o evangelho, a crente que quer casar virgem, a mulher adúltera que mais parece uma prostituta, a filha revoltada que curte drogas. E daí?
A única coisa de que se salva no filme, produzido por Fernando Meirelles, são as atuações. Todos no elenco estão afinados com a realidade que os cercam. Com destaque para Leona Cavalli e Silvia Lourenço nos papéis de Cláudia e Soninha respectivamente. Ambas retratam a vida cruel que as mulheres passam num lugar dominado por bandidos e drogas. Méritos para Sergio Penna, responsável pela preparação dos atores.
Depois do hiperrealista Cidade de Deus fica difícil engolir qualquer filme sobre a marginalidade. Simplesmente pegar uma câmera e filmar de forma naturalista, não te garante uma estética uniforme. Faltou traçar um objetivo e um uso mais criativo da técnica escolhida. Não é um filme ruim, mas desperdiça uma ótima idéia, afinal, registrar a vida sem esperança também é uma forma de atacar o problema.

