Conto de Verão | Crítica
<i>Conto de verão</i>
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O octogenário cineasta francês Eric Rohmer chega, nos dias atuais, aos cinquenta filmes realizados. Dessa antologia, porém, não saem obras diversificadas, mas trabalhos que se encaixam, se complementam. Os seus defensores dizem que, assim, o diretor consegue desenvolver de forma única a profundidade de seus personagens, de suas idéias. Os detratores de Rohmer afirmam: "Vendo um, conhece todos".
A despeito da polêmica, Rohmer reservou alguns filmes para narrar os "Contos Morais" nos anos 60 e 70, outros tantos para contar as "Comédias e Provérbios" nos 80 e na década de 90 se dedicou aos "Contos das Quatro Estações". 1990 foi o ano de Conto de primavera (Conte de Printemps). Em 1992 veio o Conto de inverno (Conte dhiver). E enquanto Conto de Outono (Conte dautomne, 1998) está em cartaz no Rio de Janeiro, Conto de verão (Conte deté, 1996) estréia em São Paulo.
O tempo passa, as pessoas amadurecem e cada estação está reservada a cada uma das fases da vida. Como os outros três filmes da série, Conto de verão apresenta um fiapo de história - e se concentra em encontros e desencontros amorosos, nas lições pós-juventude e na compreensão de mundo pós-maturidade. Aqui, o jovem Gaspard (Melvil Poupaud) decide passar férias no balneário francês de Dinard, onde espera a chegada de sua instável namorada, Lena (Aurelia Nolin). Acontece que ela demora a chegar e Gaspard conhece duas garotas: a simpática e falante Margot (Amanda Langlet), que logo se torna a sua confidente, e a "caliente" Solene (Gwenaëlle Simon), um legítimo caso-de-verão.
Gaspard é um típico personagem do diretor. Lentamente, com essa numerosa "oferta" feminina, passa por escolhas de última hora, saias-justas, e aprende a lidar com si mesmo - e com a vida. Nos filmes de Rohmer, esse trajeto não se dá por meio de ações, mas através da palavra, dos diálogos. Sendo assim, o diretor surge como um observador, uma figura imparcial, sem floreios estéticos, nem grandes planos, cortes, movimentos - coisa que leva as suas comédias românticas a serem bem mais vagarosas e reflexivas do que o público médio pode suportar.
De novo, as opções de Rohmer dividem o público. Os defensores acreditam que essa falta de artifícios formais tornam a história mais real - afinal, o cinema não pode ser maior que a vida. Já a posição dos injuriados fica evidente na célebre frase de Gene Hackman: "Assistir a um Rohmer é como ver tinta secar".
Tire a sua própria conclusão.


