Connie e Carla - As Rainhas da Noite | Crítica
<i>Connie e Carla - As rainhas da noite</i>
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Ao escrever as resenhas dos filmes, um cuidado merece sempre atenção especial: não contar os segredos da história, as reviravoltas, as surpresas. Em comédias românticas, esta precaução é quase desnecessária, pois salvas raras exceções, o final é sempre bastante previsível. Talvez seja esta previsibilidade que tenha tornado o gênero um dos mais filmados da atualidade, afinal, existem neste mundo muitas pessoas que gostam de saber onde estão pisando. São aqueles que cortam o cabelo sempre no mesmo lugar (mesmo sabendo que ao chegar em casa terão de arrumar o corte sozinhos, na frente do espelho) e que quando saem para tomar sorvete, não inventam, pedem logo o de chocolate.
Connie e Carla - As rainhas da noite (Connie & Carla - 2004) é um sorvete de chocolate, mas com cobertura e aquela farofinha de amendoim. As protagonistas que dão título à história são duas cantoras e dançarinas quase frustradas. E este quase é só porque elas não aceitam a derrota e continuam batalhando para um dia conseguir alcançar o sucesso que sonham desde pequenas, quando se apresentavam no recreio da escola - pagando o maior mico.
O ponto de mudança de suas vidas acontece quando seu empregador é cercado por traficantes e elas presenciam tudo. Começa então um jogo de gato e rato entre eles. A cena das duas fugindo a bordo de uma daquelas peruas bem americanas lembra muito Thelma e Louise e o roteiro inteligentemente usa isso a seu favor, fazendo uma rápida, mas divertida homenagem ao filme estrelado por Susan Sarandon e Geena Davis.
Os bandidos procuram Connie e Carla por todos os jantares dançantes, mas elas estão muito bem escondidas em Los Angeles e, o melhor, fazendo o que gostam: cantar e dançar. O único detalhe é que elas se fazem passar por drag queens, o que certamente rende algumas cenas engraçadas. Quando representa o universo gay, o filme se utiliza de diversos estereótipos pra lá de batidos (todos veneram Barbra Streisand, sabem musicais da Broadway de cor, etc.), lembrando-nos de que estamos nos lambusando com um sorvete de chocolate.
Lua-de-mel grega em Hollywood
O roteiro é o primeiro projeto de Nia Vardalos desde o enorme estouro de Casamento grego. Segundo suas próprias palavras, o roteiro já estava pronto há tempos, mas até seu primeiro sucesso, ninguém nunca havia se interessado pela história, que mais uma vez tem pitadas autobiográficas. Durante sua adolescência, Nia se apresentou por teatros e casas noturnas, cantando, atuando e inclusive servindo as mesas nos intervalos dos shows.
Trabalhando também como co-produtora do filme, ela pôde ajudar a escolher o elenco e pegou a ótima Toni Collette para ser Carla, sua parceira de palcos e aventuras. Outro ator escolhido a dedo foi David Duchovny, que interpreta o interesse amoroso de Connie e prova que de boba, Nia não tem nada, afinal, qual a mulher (ou drag queen) não gostaria de tirar uma casquinha do ex-agente Fox Mulder? ;-)
Apesar de ser tratada como uma comédia romântica, Connie e Carla pode ser encarado também como um musical, afinal, boa parte de seus 97 minutos se passa em cima do palco, com as duas protagonistas cantando. Mas não se preocupe, a maioria dos números musicais são divertidos (de tão ridículos) e não cansam o espectador. Vale aqui uma ressalva para a participação de Debbie Reynolds, estrela de musicais da MGM, entre eles Cantando na chuva (Stanley Donen e Gene Kelly - 1952), e mãe de Carrie Princesa Leia Fisher. Inicialmente, seria apenas uma homenagem de Nia para a atriz, que era apenas citada, mas quando Debbie aceitou fazer uma ponta no filme, atestou que Hollywood está mesmo em lua-de-mel com sua noiva grega. Apaixonada, a indústria do cinema parece nem ligar que o único sabor que esta sorveteria vende é o de chocolate. Vamos ver quanto tempo vai demorar até que enjoe e saia à procura de um gosto diferente.




