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Crítica

Amor à Tarde | Crítica

<i>Amor à tarde</i>

MH
23.09.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H16

Amor à tarde
Lamour laprés midi / Love in the afternoon

França, 1972 - Drama - 97 min.

Direção e roteiro: Eric Rohmer

Elenco: Bernard Verley, Zouzou, Françoise Verley, Daniel Ceccaldi, Malvina Penne, Babette Ferrier

Amor à tarde (LAmour laprès-midi, 1972), último conto moral da série de seis dirigida por Eric Rohmer, sintetiza os estereótipos atribuídos ao cinema francês. Temos aqui o homem e a mulher que discutem amor existencialista na cama, na mesa, no café da esquina. Temos personagens parisienses que revestem de postura blasé os seus problemas cotidianos, que disparam filosofices e frases de efeito a esmo. E, tratando-se de Rohmer, temos diálogos ostensivos, sejam banais ou decisivos, palavrório do início ao fim.

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Mas, calma. O estereótipo serve para compactar, mastigar algo até torná-lo compreensível a um número maior de pessoas. Acontece que, nesse efeito de redução, o estereótipo também negligencia detalhes que antes eram cruciais, enriquecedores. Antes de aderir ao preconceito recorrente e julgar "chata" a cinematografia francesa, que tal experimentar? Confesso que tenho completa aversão a alguns filmes de Rohmer, como os mais leves contos das estações dos anos 1990. Mas não há nada como ser surpreendido, de mente aberta, por um filme como Amor à tarde.

Na trama, Frédéric e Hélène (Bernard e Françoise Verley, casal também na vida real) aguardam a chegada do segundo filho em três anos de união. Mal se vêem: ela dá aulas durante o dia e corrige trabalhos à noite, ele comanda um escritório onde se afunda em burocracia rotineira. Mas Frédéric diz não se envergonhar dessa vida burguesa. Pelo contrário, tem orgulho de preservar a monogamia, mesmo diante dos gracejos de suas duas secretárias. Olha as mulheres ao seu redor - as suas folgas vespertinas, quando almoça tarde, são o melhor momento para observar a rua -  e pensa consigo que elas todas não conseguiriam substituir a esposa. Para ele, Hélène é todas em uma.

Eis então que Chloé (Zouzou) chega para sacudir essa convicção. Amiga dos tempos de solteiro, arruma um trabalho de garçonete em Paris e vive no apartamento de um amante temporário. Começa a visitar o escritório de Frédéric. Saem para almoçar, sempre à tarde. A libertinagem da moça não é explícita - como nada neste filme de sensações paulatinas - mas entendemos que Chloé acredita tanto na independência quanto Frédéric crê no amor eterno. Porém, como fica fácil prever, o homem verá que o seu discurso vale pouco diante de uma paixão que cresce a cada semana. Quando Frédéric passa a mentir à esposa, já está rendido.

Para o público contemporâneo que se habituou a histórias empacotadas de adultério, Amor à tarde espanta pela complexidade moral. Como na vida, o dilema de Frédéric não se limita a trair ou não. Entram na balança medo, desejo, convenções sociais e auto-enganação. Rohmer destrói o mito que separa um flerte inocente da consumação do sexo - essa linha imaginária traçada por homens que têm medo de trair. Assim, o filme discute a liberação sexual dos anos 1970, mas o seu retrato sobre a hipocrisia segue atualíssimo. A violenta cena final está lá para provar a quem quiser conferir.

Nota do Crítico

Excelente!
Marcelo Hessel

Amor à Tarde

L'amour l'après-midi

1972
22.08.1972
97 min
Comédia Romântica
País: França
Classificação: LIVRE
Direção: Eric Rohmer
Roteiro: Eric Rohmer
Onde assistir:
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