A Vingança de Willard | Crítica
<i>A vingança de Willard</i>
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A história é conhecida para aqueles que madrugavam sintonizados na televisão. Cansado das cobranças da mãe viúva e do patrão ditador, Willard domestica os ratos que infestam a sua casa. De personalidade reprimida, alcança a redenção pessoal quando promove uma carnificina apoiado por centenas de roedores. Um clássico do horror trash, Calafrio (Willard, de Daniel Mann, 1971) teve uma continuação no ano seguinte - Ben, O rato assassino (Ben, de Phil Karlson, 1972). Lembre das duas produções aqui.
Agora, o original ganha uma refilmagem curiosa, igualmente sangrenta e divertida. A vingança de Willard (Willard, 2003), de Glen Morgan, conhecido roteirista de ficção-científica para a TV, que marca sua estréia na direção. E ele não se sai mal. Sustenta o seu trabalho na impecável direção de arte de Catherine Ircha, colaboradora da atual série de TV Além da Imaginação, e na inspirada fotografia de Robert McLachlan. Mas não são os detalhes técnicos que se destacam mais - à medida que a história avança, o histerismo toma conta da tela. Mas calma lá. Antes disso, somos apresentados à trama. Crispin Glover, mais conhecido como o pai covarde de Marty McFly na série De volta para o futuro ou o malvado Magrelo dos filmes dAs Panteras, assume o papel principal. O tratamento dado ao novo Willard segue, nas primeiras cenas, as lições de Norman Bates ou do recente Spider, de David Cronenberg: tensão psicológica, poucos detalhes revelados e visível conflito materno. Nesse ponto, o filme parece levar-se a sério. Temas como a repressão e a ausência do pai ganham o primeiro plano. Acontece que Glover é um ator careteiro e histriônico. O resto do elenco, capitaneado pelo eterno general R. Lee Ermey, no papel do patrão, e pela morenaça lynchiana Laura Harring, também não prima pelas sutilezas. Abre-se espaço, assim, para o verdadeiro trash - a saber, filmes que se levam a sério mas não passam de uma legítima e deliciosa porcaria. A partir da metade da película, Glover já se sente bem à vontade. O ator possui trejeitos e uns tiques no nariz que o fazem parecer, realmente, com um rato. E a opção por exibir majoritariamente roedores reais, ao invés de criações digitalizadas (recurso artificial visivelmente utilizado nas seqüências finais), deixa o filme muito mais empolgante. Aliás, Ben, bicho que teve o seu filme em 1972, também domina o filme de 2003. Uma ratazana gigantesca, personificação do Mal, facilmente se torna o grande favorito do público no ótimo duelo contra Willard. Contar mais seria uma covardia. Mas cabe aqui um comentário. Não sinta-se um sádico se, durante jorros de sangue, você soltar gargalhadas incontíveis. Afinal, quando subirem os créditos finais e o próprio Glover entoar a canção Ben, do Michael Jackson, o espectador perceberá que a vocação do novo Willard - legítimo candidato a cult, como o filme original - também é o escracho.
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Omeleca: Willard (1971) e Ben, o rato assassino


