A Dona da História | Crítica
<i>A dona da história</i>
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Quantas vezes nos pegamos pensando em modificar nossa história? Às vezes, chegamos a lamentar certas escolhas. E se tivéssemos esse poder, será que optaríamos por outro caminho? Algumas respostas sobre esse assunto você encontrará em A Dona da História, longa baseado na peça de João Falcão, que assina o roteiro com João Emanuel e Daniel Filho, o diretor.
O filme começa em 1968, no Rio de Janeiro. A sonhadora Carolina descobre o amor com o idealista Luis Cláudio durante uma passeata contra a ditadura. Casam-se e constroem uma família com quatro filhos. Passados 32 anos, resolvem vender o apartamento, se mudar para um apart-hotel e viajar. Só que as coisas não são tão simples assim. Ela sonha em ir para a Europa, ele prefere conhecer Cuba. Sim, o casamento está em crise e qualquer assunto é motivo para brigas. Assim Carolina começa a questionar suas escolhas e pensar nos "se" que ficaram pelo caminho.
Nesse momento de dúvidas, começa a conversar com a jovem que foi aos 18 anos. Ela revive seus sonhos do passado e as possibilidades de ter sido outras personagens. E se tivesse seguido outros rumos? Começa a questionar a decisão de abandonar seus sonhos de ser uma grande atriz, para se casar com o grande amor de sua vida. O filme vai mostrando o que teria acontecido se ela tivesse seguido outras opções. A cada mudança no passado, são mostrados os desdobramentos no presente.
O filme foi quase todo feito em take one, ou seja, as cenas eram feitas só uma vez. Isso garante a espontaneidade das atuações, gerando credibilidade aos personagens. No papel da Carolina cinqüentona temos Marieta Severo, que também interpretava o personagem no teatro. Débora Falabella encarna a Carolina jovem. As duas atrizes estão ótimas. Os diálogos entre elas são hilários. A dupla que interpreta Luis Cláudio é formada por Antonio Fagundes e Rodrigo Santoro. Em ambos os casos, dá para acreditar que Débora e Rodrigo quando envelhecerem, irão se transformar em Marieta e Antônio Fagundes. Fernanda Lima, em sua estréia no cinema nacional (ela fez uma ponta em Ligado em você e outra em Didi quer ser criança), completa o elenco interpretando a melhor amiga da jovem Carolina.
Figurinos e cenários são eficientes e ajudam a pontuar a história. O mesmo pode-se dizer da trilha sonora, baseada na bossa nova, mas com adaptações modernas de DJ Memê, também em sua primeira vez trabalhando para o cinema. A fotografia de José Roberto Eliezer está perfeita. Toda a cena da passeata, em que a polícia agride os estudantes, foi a mais bem realizada sobre o assunto.
A Dona da História é um filme romântico, divertido e comovente. Realizado com o objetivo de mostrar que nossas reclamações muitas vezes não têm sentido, sugere que nossa vida é como um filme, em que o dia-a-dia são as cenas. Cada um deve representar seu papel, e mudanças repentinas de roteiro podem causar um fracasso nas bilheterias, ou melhor, um fracasso em nossa própria existência.


