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Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank | Crítica

O jogo é melhor do que o filme

04.05.2016, às 17H28.

Existe uma velha máxima entre os fãs de games de que um jogo licenciado de um em filme é inevitavelmente pior do que o longa que o origina (como os jogos baseados em Transformers Jurassic Park, por exemplo). Com Heróis da Galáxia: Ratchet & Clank, a animação da Sony baseada em sua franquia exclusiva para o PlayStation, o clássico é invertido: pela primeira vez, o filme é pior do que o game.

Essa inversão de valores é ainda mais interessante quando se nota que a Insomniac, estúdio criador da franquia nos games, não apenas colaborou com a produção como várias de suas cenas aparecem tanto na animação quanto no jogo que a acompanha, lançado para PlayStation 4 em abril. Mas o que funciona no ótimo game não dá muito certo no longa.

Ambos recontam a mesma história de origem da improvável dupla de heróis formada por Ratchet, o jovem Lombax (espécie de criatura felina bípede) que tem como sonho se tornar um dos Guardas Galácticos, grupo protetores da galáxia liderado pelo herói Capitão Qwark, a quem o protagonista idolatra. Seus sonhos são negados por Qwark, mas ele ainda tem uma oportunidade de salvar a galáxia ao trombar com o robôzinho defeituoso Clank, que escapou de ser eliminado pelos vilões Dr. Nefarious e Drek. Juntos, os dois partem em uma jornada para alertar os guardas do perigo.

A premissa do filme, de ter dois personagens fora do padrão superando expectativas e se tornando heróis, é muito mal executada. Primeiro, porque Ratchet passa longe de ser o adorável azarão prometido pela sinopse. Seu lado malandro existente nos games é exageradamente ampliado pela animação, o que o torna um personagem irritante e extremamente imprudente - a tentativa de transformar esta característica em algo adorável sai pela culatra desde os primeiros minutos do filme, quando o protagonista quase mata um inocente idoso ao tunar, sem permissão, sua nave espacial. Já Clank mal chega a ser explorado no longa, ficando no clichê do robô que aprende noções de amizade.

A relação entre Ratchet e Clank, algo vital para a saga como um todo - afinal, são heróis improváveis salvando a galáxia -, também é tratada de forma completamente superficial, com uma dúzia de diálogos engraçadinhos e poucos momentos em que não se tem a noção de uma forte amizade sendo estabelecida, de fato, entre os dois.

Ainda que faltem resoluções mais interessantes e uma relação mais profunda entre os personagens, a história consegue entreter em seus 90 minutos, com cenas de ação razoáveis e um roteiro que aproveita o humor autoirônico dos games. Apesar de não ter nomes tão estrelados quanto a versão original, que tem Sylvester Stallone, Rosario Dawson, John Goodman e Paul Giamatti, a dublagem brasileira é um achado, com piadas bem relacionadas à realidade brasileira.

Enquanto muitos filmes baseados em games falham por se distanciar demais do material original, Heróis da Galáxia está do outro lado do espectro. O excesso de fidelidade ao game - especialmente a um game que já está no mercado há um mês, e cuja montagem é enriquecida pelas partes em que você joga em vez de assistir -, não é o suficiente para sustentar uma história insossa movida por personagens que nunca vão além de suas frases de efeito.

Nota do Crítico
Regular
Heróis da Galaxia: Ratchet & Clank
Ratchet & Clank
Heróis da Galaxia: Ratchet & Clank
Ratchet & Clank

Ano: 2015

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 94 min

Direção: Kevin Munroe

Roteiro: Kevin Munroe

Elenco: James Arnold Taylor, David Kaye, Jim Ward, Rosario Dawson, Paul Giamatti, John Goodman

Onde assistir:
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