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Finais Felizes | Crítica

Finais felizes

17.11.2005, às 00H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 01H07
Finais felizes
Happy Endings
EUA, 2005
Drama/Comédia - 128 min

Direção: Don Roos
Roteiro: Don Roos

Elenco: Lisa Kudrow, Steve Coogan, Jesse Bradford, Bobby Cannavale, Maggie Gyllenhaal, Jason Ritter, Tom Arnold, David Sutcliffe, Sarah Clarke,
Laura Dern, Kim Morgan Greene

Não são poucos os cineastas niilistas que olham para a sociedade estadunidense com o dedo em riste. A sanha condenatória é o forte de Don Roos (O oposto do sexo) e ele exercita suas lições de moral em Finais felizes (Happy endings, 2005).

Os alvos são múltiplos. Na trama-mosaico, vidas se cruzam e se definem à ordem do acaso. Mamie (a friend Lisa Kudrow) nunca se refez do aborto cometido na adolescência. Seu meio-irmão, Charley (Steve Coogan, de A festa nunca termina), hoje gay e louco para ser pai, prefere não comentar a transa ligeira que eles tiveram vinte anos atrás. Certo dia, Mamie se surpreende quando recebe uma carta misteriosa do aspirante a cineasta Nicky (Jesse Bradford), convidando-a a ser objeto de um documentário sobre o filho dela - que está vivo, pronto para o reencontro com a mãe, diz ele.

De outro lado, Jude (Maggie Gyllenhaal, de Secretária) descobre num karaokê que tem talento de sobra para liderar um grupo de moleques roqueiros enquanto a vocalista titular se desintoxica na reabilitação. Melhor que isso: o baterista da banda, Otis (Jason Ritter), que nutre desejos por Charley, precisa provar ao pai (Tom Arnold) que não é gay. A nômade Jude vê aí a chance de viver numa mansão enquanto finge ser a namoradinha liberal do doce rapaz.

Jude, Charley, Mamie, Nicky, Otis, seu pai e mais uma leva de coadjuvantes dividem a mesma condição: não conseguem ser honestos com si mesmos. Mais do que isso, o tema principal do filme é a incapacidade dessas pessoas em manter relacionamentos, serem honestos também com os outros. São uma gente desenganada em pretensos finais felizes - referência ao clímax da massagem erótica que Mamie recebe de seu namorado mexicano (Bobby Cannavale, de O agente da estação) -, diz Don Roos.

O trabalho do diretor começa mal - no sentido em que julga os personagens antes mesmo que eles tenham tempo de se defender - a partir de suas opções estilísticas. Os protagonistas entram em cena, a tela se divide e surgem legendas verticais delatando detalhes íntimos ou curiosidades mórbidas sobre as vidas de cada um dos retratados. Esse recurso tem a suposta intenção de aprofundar perfis psicológicos, mas não fazem nada além de sobrecarregar informação banal. Na cópia exibida à imprensa, a tradutora sofreu para acompanhar tantas frases e tantos diálogos juntos.

Não que o filme seja um desastre. Ele só é um tanto inquisidor e em parte injusto. As coisas melhoram um pouco depois.

A certa altura, quando Jude anuncia para Otis que está flertando com o pai dele, ela brinca: Relaxa, isso não é Beleza americana, não voarão rosas dos meus peitos. A menção é emblemática porque o filme de Sam Mendes também representa esse cinema que faz anedota com desvios de comportamento. Acontece que Beleza americana bate e assopra. Critica, mas ao mesmo tempo expõe a humanidade de seus acusados, como uma tentativa de inocentá-los.

Finais felizes começa a se justificar quando também parte em busca da humanidade dos personagens. Quando a então invencível Jude demonstra fraquezas, quando Charley expurga seus medos... Aliás, deve-se muito o êxito comedido do filme às atuações de Steve Coogan e Maggie Gyllenhaal, os dois melhores de um elenco desigual. Até ali, a proposta de Roos se resumia a um apanhado de legendas engraçadinhas e ao esforço de enfear Lisa Kudrow. Depois melhora. Um pouco.

Nota do Crítico
Regular
Finais Felizes
Happy Endings
Finais Felizes
Happy Endings

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 128 min

Elenco: Don Roos, Don Roos, Lisa Kudrow, Steve Coogan, Maggie Gyllenhaal

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