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Crítica

Every Thing Will Be Fine | Crítica

Wim Wenders volta à ficção com drama 3D de remorso e redenção

18.02.2015, às 19H08.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Há anos sem lançar filmes de ficção, Wim Wenders correu para que Every Thing Will Be Fine fosse exibido no Festival de Berlim 2015. A finalização da parte de trilha do longa foi concluída apenas dois dias antes da exibição na Berlinale, que também homenageou Wenders na sua 65a. edição. O longa gira em torno da vida de um escritor canadense, Tomas Eldan (James Franco), em quatro diferentes momentos divididos em 12 anos.

Uma crise que desencadeia toda a trama: Tomas está com problemas para escrever seu novo romance e cogita se separar de sua namorada Sara (Rachel McAdams). Depois de um início de discussão ao telefone, ele sai dirigindo por uma tempestade de neve. Sara liga novamente, ele fica irritado, não atende. O momento de desatenção ao volante faz com que Tomas não veja crianças brincando na neve.

Nos próximos três episódios, o acidente de carro narrado no primeiro e suas consequências para Tomas e para uma outra mulher, Kate (interpretada por Charlotte Gainsbourg), viram o foco. É premissa perfeita para uma trama de culpa, tristeza e perdão, mas Wenders é um alemão filmando um roteiro de um norueguês, Bjørn Olaf Johannessen, e a incapacidade nórdica para o sentimentalismo é o que permeia Every Thing Will Be Fine.

Quem se contraria com a frieza dos noruegueses pode se irritar com o fato de a trama concentrar-se não nas sequelas íntimas dos protagonistas mas mais em como os eventos se refletem na vida profissional de Tomas, um escritor que tem seu ofício transformado pelo acidente. Na falta de um drama mais saliente, Wenders contribui com a estetização. Every Thing Will Be Fine foi feito em 3D, e o efeito produz contrapontos interessantes com a neve caindo, reflexos em vidro e balanços de playground e parques de diversão. O problema é que para o que Wenders pretendia, como ele mesmo explicou na coletiva do filme em Berlim, a técnica pouco traz. Os longos closes nos rostos dos atores pouco fazem para dar a dimensão dos sentimentos pelos quais os personagens passam. Além disso, também pouco se nota a passagem de dez anos nos personagens, nenhum cabelo branco, nenhuma ruga, nada. Tudo é sutil até demais.

Ainda bem que existem as mulheres na vida de Tomas para externar as coisas de uma maneira mais clara. É só uma pena que os melhores - e mais inesperados - momentos do filme demorem tanto para chegar. Como a sacada sublime de que Tomas precisa de um tabefe para expressar algum tipo reação ou a bela metáfora do sol finalmente voltando à vida do escritor depois de uma década de inverno emocional.

Every Thing Will Be Fine ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

No grupo aberto do Omelete no Viber você confere as primeiras impressões dos filmes após as sessões, fotos direto do Festival e nossas discussões sobre os longas da seleção.

Nota do Crítico
Bom
Tudo Vai Ficar Bem
Every Thing Will Be Fine
Tudo Vai Ficar Bem
Every Thing Will Be Fine

Ano: 2015

País: Alemanha, Canadá, França, Suécia, Noruega

Classificação: 14 anos

Duração: 118 min

Direção: Wim Wenders

Roteiro: Bjørn Olaf Johannessen

Elenco: James Franco, Charlotte Gainsbourg, Peter Stormare, Rachel McAdams, Marie-Josée Croze, Patrick Bauchau

Onde assistir:
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