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E Sua Mãe Também | Crítica

Depois de conquistar o troféu de Melhor Roteiro do Festival de Veneza, a obra de Cuarón ganhou exibição na 25ª Mostra BR de Cinema

30.11.2001, às 01H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

A retomada da produção cinematográfica do Brasil, ocorrida na metade dos anos 90, impulsionada por incentivos estatais e por uma nova safra de diretores, teve muito de particular, mas não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro. Argentina e México são apenas dois exemplos de outras indústrias latino-americanas emergentes, que se fazem presentes tanto no mercado de seus países quanto nos festivais internacionais. Ao lado de "Sexo, Pudor e Lágrimas" ("Sexo, Pudor Y Lagrimas", de Antonio Serrano, 1999) e de "Amores Brutos" ("Amores Perros", de Alejandro Gonzáles Inarritu, 2000), "E Sua Mãe Também" ("Y Tu Mamá También", de Alfonso Cuarón, 2001) figura como um dos alicerces da nova cultura mexicana da Sétima Arte.

Depois de conquistar o troféu de Melhor Roteiro do Festival de Veneza, a obra de Cuarón ganhou exibição na 25ª Mostra BR de Cinema - e arrancou aplausos em plena projeção. Narrado em terceira pessoa, o filme conta, com arranjos realistas, a história de dois adolescentes de alta classe da Cidade do México. Julio (Gael García Bernal, de "Amores Brutos") e Tenoch (Diego Luna) desfrutam uma adolescência abastada, entre namoradas, festas, drogas e sonhos. Um dia, numa festa familiar, encontram a bela Luisa (Maribel Verdú), esposa de um primo de Tenoch, um mulherão com seus vinte e tantos anos. Como qualquer moleque faria, Julio e Tenoch jogam o seu charme sobre Luisa e convencem a moça a acompanhá-los numa viagem à praia de "Boca do Céu".

Juventude burguesa

Acontece que o lugar só existe na mente fértil dos rapazes. Depois de deixar a capital, o trio se perde nas estradas da nação do altiplano. Assim, Cuarón coloca o espectador no meio de um "road movie", em que as descobertas, os medos e os anseios dos personagens se confundem com a terra da estrada e com o calor do sol. Com perícia, o diretor mescla a ficção com registros da realidade asteca. Os conflitos de Julio e Tenoch, as dúvidas inerentes à idade, estão à frente, mas os aspectos mais gritantes dos vilarejos por onde passam, pano-de-fundo do roteiro, saltam para primeiro plano em determinados momentos. Ao interferir abruptamente na sequência dos diálogos para fazer algum comentário sobre o instante, o narrador faz a sua crítica social sem parecer panfletário, faz um interregno poético sem parecer meloso.

A artimanha narrativa, aliada à cenografia privilegiada da geografia mexicana, produz frutos vigorosos. Graças aos desdobramentos da viagem, o propósito do diretor se eleva. Seria fácil (e vulgar) retratar o amadurecimento dos garotos de maneira tradicional, através da banalização dos medos da adolescência, através da simples ajuda de uma mulher madura. Não basta observar as idiossincrasias da juventude burguesa, é preciso confrontá-la com as penas da pobreza. Não basta ilustrar dramas pessoais, é necessário percebê-los socialmente. "E Sua Mãe Também" trata esse amadurecimento da mesma forma realista com que exibe a vida no México: sem afetações dramáticas, com o impacto próprio das grandes mudanças e dos grandes retratos.

Nota do Crítico
Excelente!
E sua Mãe Também
Y tu Mamá También
E sua Mãe Também
Y tu Mamá También

Ano: 2001

País: México, EUA

Classificação: 18 anos

Duração: 105 min

Direção: Alfonso Cuarón

Elenco: Gael García Bernal, Diego Luna, Ana López Mercado, Maribel Verdú

Onde assistir:
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