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Crítica

D.U.F.F. | Crítica

Crueldades do Colegial reloaded

30.07.2015, às 13H31.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Há décadas o filme de discurso afirmativo para adolescentes no colegial, quase sempre ambientado durante o tão temido baile de formatura, é um dos subgêneros mais frequentes entre as comédias em Hollywood e, embora permita resultados tão distintos quanto A Garota de Rosa Shocking e Garota Infernal, é também um dos mais engessados.

D.U.F.F. (2015), de Ari Sandel, segue o caminho trilhado por outras comédias de viés irônico como Meninas Malvadas e A Mentira. Na trama, Bianca (Mae Whitman) descobre que é a DUFF (sigla de "Designated Ugly Fat Friend") do seu círculo de amizades, e decide cortar relações com suas duas belas e populares amigas, para quem ela fazia o papel da gordinha "escada". Ser a Dedé Santana do grupo (velhos entenderão), porém, ainda a incomoda, e para ajudá-la a se transformar entra em cena o atleta sensível - papel padrão que já coube a Chris Evans e Ansel Elgort em outros filmes e aqui fica sob a responsabilidade de Robbie Amell.

Em comum com os outros filmes citados, D.U.F.F. tem sua vocação para outsider e também o fato de se basear em um romance (escrito por Kody Keplinger), mas é visível que a produção é bem mais modesta na realização. Boa parte do orçamento de US$ 8,5 milhões deve ter sido alocado para pagar os direitos de "Give Life Back to Music", do Daft Punk, e Sandel não encontra uma linguagem cinematográfica própria que tire de D.U.F.F. a cara de telefilme estrelado por nomes B hollywoodiano, mais populares nas redes sociais do que na tela de fato, como Whitman (que não é gorda nem feia, a propósito...) e Bella Thorne (que faz a compulsória megera teen).

As redes sociais, aliás, e a relação que mantemos hoje com a tecnologia como veículo de afirmação e discurso, talvez seja o único ponto em que D.U.F.F. de fato ofereça alguma novidade ao subgênero das crueldades do colegial. Isso não é necessariamente bom (a cena em que Whitman e Amell são filmados juntos na floresta não tem função nenhuma no roteiro e está mais para autoparódia), mas gera situações interessantes, como quando Bianca interrompe uma pegação para escrever um texto. É a necessidade de encontrar uma voz para si mesmo e, principalmente, torná-la pública como moeda de troca nesse novo star system, que marca a geração-alvo de filmes como D.U.F.F.

Porque os anos correm, o mundo muda, mas se existe uma coisa que nunca vai sair de moda, independente do que digam os filmes que pregam a aceitação dos excluídos, é a busca pela popularidade. Ela só muda de forma: seja o webativismo, seja a eleição da Rainha do Baile.

Nota do Crítico
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