Downton Abbey: O Grande Final é o adeus perfeito que a franquia merece
Família Crawley se despede com um aceno à nova era
Créditos da imagem: Universal/Divulgação
“Às vezes, olhar para o passado é mais confortável do que pensar no futuro”. A frase dita por Harold Levinson (Paul Giamatti) já nas cenas finais de Downton Abbey: O Grande Final talvez seja a que melhor define o motivo de Downton Abbey ter se tornado uma das séries mais queridas dos anos 2010. O “novelão de época” criado por Julian Fellowes sobre uma família aristocrata britânica do início do século passado ganhou o mundo e virou fenômeno global, chegando ao fim em seu terceiro filme após uma jornada de sucesso por seis temporadas.
E tudo o que deu certo em suas etapas anteriores culminou no adeus perfeito que uma franquia como Downton Abbey merecia em O Grande Final. Mesmo que alguns personagens tenham recebido novos “finais” a cada fim de arco, sempre que revisitamos a famosa residência de Downton Abbey e a família Crawley, a sensação nunca é de que estamos vendo um limão ser espremido até a última gota. Os personagens e a própria narrativa criada por Fellowes são tão cativantes que nunca é demais ver a câmera viajar pelos corredores de Downton ao som da trilha sonora de John Lunn.
Nesta aventura derradeira, os Crowley são obrigados a encarar o julgamento da alta sociedade londrina após a revelação de que Lady Mary (Michelle Dockery) está se divorciando de Henry Talbot (Matthew Goode). A herdeira do lorde Grantham (Hugh Bonneville) se cansou da vida boêmia e ausente levada pelo ex-marido e entrou com o pedido de divórcio, em uma época na qual mulheres divorciadas sequer recebiam permissão para permanecer nos mesmos ambientes que outros clãs. Soma-se a isso a crise financeira de Harold, irmão da Lady Grantham (Elizabeth McGovern), que leva a família a revisar seus negócios para entrar na nova era sem correr o risco de perder tudo.
Julian Fellowes usa o cenário negativo perante os Crawleys para fazer a história mais feminista de Downton Abbey até agora. Embora suas personagens sempre tenham se mostrado à frente de seu tempo desde os episódios iniciais, o Grande Final se mostra a culminação desta jornada. Isso reflete principalmente nos arcos de Mary, Edith (Laura Carmichael) e Daisy (Sophie McShera), que se tornam grandes alicerces para a família e comunidade, cada uma a seu modo.
No caso de Mary, essa afirmação é ainda mais gritante. Não apenas pela forma de lidar com a rejeição pelo divórcio, mas por ser o principal símbolo de uma passagem de bastão que vem se desenhando desde que Matthew (Dan Stevens) morreu no final da terceira temporada. Sem o antigo protagonista, a primogênita de Robert e Cora se tornou a herdeira direta de Downton Abbey, e tudo o que se viu na sequência de sua jornada foi a pavimentação do caminho onde Robert, mesmo relutante, precisaria aceitar que é chegada a hora de sair do “trono”. E mesmo sem grandes reviravoltas ou apostas dramáticas, o roteiro de Fellowes nos entrega essa passagem com a graça e a fidelidade com as quais sempre tratou seus personagens.
Para além de ser o capítulo derradeiro dessa história, O Grande Final também serve como celebração de tudo o que os fãs acompanharam nos 15 anos de existência da franquia. Do náufrago do Titanic a referências de personagens mortos, em especial a condessa Violet (Maggie Smith), Fellowes se preocupa em não deixar pontas soltas enquanto faz acenos ao passado. Homenagens que certamente farão os amantes mais assíduos de Downton Abbey derramar lágrimas nas cenas finais.
No fim, Downton Abbey: O Grande Final se despede como o novelão clássico que sempre foi. Com direção e fotografia afiadas, o longa dá o adeus que os Crawley mereciam: sem drama, sem enrolação e com um final feliz digno de um conto de fadas. Afinal, para muitos, isso é o que Downton Abbey sempre foi.
Downton Abbey: O Grande Final
Downton Abbey: The Grand Finale
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