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Filmes
Crítica

Crítica: O Refúgio

François Ozon discute como uma idealização pode ajudar a superar o luto

MH
09.09.2010, às 17H29.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H07

Não há muita repetição de gêneros nos filmes de François Ozon, mas, ao mesmo tempo, seja numa fantasia, num drama histórico ou num suspense, ele frequentemente aborda diferentes amores idealizados. Criar ou recriar paixões, para o diretor francês, talvez seja mais verdadeiro do que viver o amor em si.

O Refúgio (Le Refuge, 2009) começa sem expor demais o momento que Mousse (Isabelle Carré) e Louis (Melvil Poupaud) estão vivendo juntos. Ozon não abre o filme mostrando os dois, e sim acompanhando com a câmera o adolescente traficante de drogas que está levando heroína para o apartamento do casal em Paris. Quando enfim vemos Mousse e Louis, estão no limite da consciência, parecem se escorar um no outro mais por abstinência do que por afeto. Entramos num sonho de Louis; ali sua relação com Mousse soa como um delírio.

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E então Louis morre de overdose. No hospital, sobrevivente, Mousse descobre que está esperando um filho dele. Só a partir daí Ozon se volta para a sua protagonista. Aconselhada pela ex-sogra a abortar, Mousse foge para o refúgio do título, uma casa na praia para onde leva a sua gravidez. O filme, assim como outro trabalho à beira-mar do diretor, O Tempo que Resta, inicialmente trata da superação do luto, mas logo se transforma em algo mais complexo. É como se o luto só agravasse uma condição interior e anterior.

Mousse continua no limite, tomando remédios para suportar a desintoxicação. Para piorar, as lembranças se materializam quando o irmão gay de Louis, Paul (Louis-Ronan Choisy), aparece na casa para lhe fazer companhia por uns dias. Tristeza à parte, formam Paul e Mousse um casal fotogênico - ele, sereno e apolíneo, ela, radiante, quase translúcida, no biquini que evidencia sua barriga. Olhando de longe, lado a lado, parecem de uma harmonia utópica, o oposto do arremedo de vida em que pegamos Louis e Mousse no começo do filme.

Existe um simulacro de romance, portanto, sendo criado aos poucos, ainda que inconscientemente, por Paul e Mousse nesse refúgio. Para François Ozon, quando se trata de idealizações, a imagem não só é importante - toda a crença na idealização depende dessa imagem. É por isso que o diretor joga tanto com espelhos. Mousse está o tempo todo se olhando, no banho, no quarto. Olha para Paul e se vê encarada também. Às vezes o olha e enxerga Louis. Confortar-se no duplo idealizado é o verdadeiro refúgio de Mousse. Deve ter sido por isso, enfim, que ela se negara a abortar.

A questão: esse simulacro é uma falsidade? Ozon defende que não. De idealizações, afinal, vive o cinema; negá-las seria como negar a força de uma imagem, seria uma autossabotagem. O que o diretor francês prega, sim, é que sejamos críticos diante da dramatização. Não por acaso, Mousse, no fim do filme, se olha pelo vidro do metrô e seu reflexo esvanece. É a emancipação (daquele Paul da praia não sobraram nem os cabelos longos). Começara O Refúgio completamente chapada e então, ciente da viagem e de sua imagem, reconquista a consciência.

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Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel

O Refúgio

Le Refuge

2009
10.09.2010
90 min
Drama
País: França
Classificação: 16 anos
Direção: François Ozon
Elenco: Louis-Ronan Choisy, Pierre Louis-Calixte, Melvil Poupaud, Claire Vernet, Jean-Pierre Andréani, Marie Rivière, Jérôme Kircher, Nicolas Moreau, Emile Berling, Dominique Jacquet, Tania Dessources, Maurice Antoni, Sylvie Haurie-Aussel, Arnaud Goudal, Isabelle Carré
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