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Crítica

Crítica: O Clã das Adagas Voadoras

O oriente ainda tem muito a ensinar ao ocidente

07.04.2005, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 02H04

O cineasta Zhang Yimou continua sua busca pelo equilíbrio perfeito entre o drama e as artes marciais. Em O clã das adagas voadoras (Shi mian mai fu, 2004), as fantásticas proezas dos cavaleiros Wuxia continuam servindo de atrativo para uma grande história. Se em Herói o enfoque era a honra, sacrifício e a unificação da China, agora é o amor que move os personagens.

No ano 859, a China passa por terríveis conflitos. A dinastia Tang, antes próspera, está decadente. Corrupto, o governo é incapaz de lutar contra os grupos que se rebelam. O mais poderoso e prestigiado deles é o Clã das Adagas Voadoras. Leo e Jin, dois soldados do exército oficial, recebem a missão de capturar o misterioso líder do grupo e, para tanto, elaboram um plano: Jin se disfarça como um combatente solitário, ganha a confiança da bela revolucionária cega Mei e, assim, infiltra-se no grupo. Mas a dupla não contava com os sentimentos que Mei despertaria nos dois.

Clã das Adagas Voadoras

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Clã das Adagas Voadoras

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Clã das Adagas Voadoras

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O clã das adagas voadoras mistura de paixão, ação, mistério e dança. Tudo isso fotografado com um colorido arrebatador. Uma obra compromissada com os cenários, figurinos e a música. Cada elemento se encaixa perfeitamente aso demais, criando uma atmosfera onírica, valorizada pela trilha sonora de Shigeru Umebayashi, que pontua cada cena de ação e romance com sensibilidade. Beirando a perfeição, o roteiro parece ter saído de alguma obra de Shakespeare. Os personagens participam de intrigas dispostos a matarem ou morrer por amor e a cada minuto o espectador é surpreendido pelas reviravoltas que isto pode trazer.

Atualmente, não é comum mostrar somente o rosto para expressar a riqueza de sentimentos, mas várias cenas românticas foram feitas em close up, lembrando Um Lugar ao Sol (A place in the sun, 1951), do diretor George Stevens. Já as seqüências de artes marciais e suas complexas coreografias alçam novos vôos. A dança do eco e a batalha na floresta de bambu irão deixar o público de queixo caído.

No elenco, temos mais uma vez a bela Zhang Ziyi, que já havia participado de Herói e O Tigre e o Dragão. Nesse novo trabalho, no papel de Mei, ela confirma seu talento para o drama e para as coreografias elaboradas. Sua performance é ao mesmo tempo visceral e sensível. Lutando com vilões, dançando graciosamente ou sofrendo sozinha na floresta, é impossível não se emocionar com sua performance. Takeshi Kaneshiro (Capitão Jin) e Andy Lau (Capitão Leo) interpretam de forma vigorosa, mas Ziyi rouba todas as cenas quando aparece.

E pensar que tanto Herói quanto este não estavam conseguindo distribuidores nos Estados Unidos... Foi preciso que o diretor Quentin Tarantino, fã do estilo, se associasse aos dois filmes para que estas obras de arte em movimento ganhassem espaço nos cinemas norte-americanos e, conseqüentemente, nos demais países do mundo ocidental. Ironicamente Herói permaneceu 2 semanas liderando o ranking das bilheterias americanas, caminho que O Clã não conseguiu seguir, apesar da ótima aceitação no circuito de arte. O oriente ainda tem muito a ensinar ao ocidente.

Nota do Crítico
Excelente!
O Clã das Adagas Voadoras
Shi mian mai fu
O Clã das Adagas Voadoras
Shi mian mai fu

Ano: 2004

País: China

Classificação: 14 anos

Direção: Yimou Zhang

Roteiro: Feng Li, Wang Bin, Yimou Zhang

Elenco: Takeshi Kaneshiro, Zhang Ziyi, Dandan Song, Andy Lau

Onde assistir:
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