Crítica: Juízo Final
Diretor de Abismo do Medo mistura várias referências para fazer seu novo filme
Indo direto ao assunto, Juízo Final (Doomsday, 2008) é um pout-pourri de vários filmes que você já viu. Começa como Eu Sou a Lenda, com uma multidão se aglomerando em frente a grades e muros guardados por soldados. O motivo é um tal de vírus Ceifador, que age rapidamente, é mortal e logo se alastra pela Escócia, levando o governo do Reino Unido a criar um plano de quarentena que isola o país do resto do mundo. Mas da mesma forma que os ingleses segregaram os escoceses, o mundo isolou a Inglaterra, criando um país com cada vez mais gente e menos recursos. E, 25 anos depois da primeira epidemia, o vírus volta a atacar para tentar equilibrar esse eco-sistema, dessa vez no coração do país, em Londres. As cenas que mostram este novo cenário lembram e muito Extermínio.
Buscando uma saída antes que uma nova epidemia se inicie, o departamente de segurança descobre na Escócia grupos de pessoas sobreviventes do vírus, ou seja, esperança de uma cura. E assim, eles rapidamente reunem um grupo de soldados de elite que pela primeira vez vai atravessar a fronteira do norte, em busca de uma salvação. No comando está a major Sinclair (Rhona Mitra), que se separou de sua mãe no primeiro ataque do vírus e, por isso, tem motivos próprios para querer atravessar o muro. O resto do grupo é formado por um sargento durão, dois motoristas, dois fuzileiros e dois médicos. Só de olhar para eles, é fácil imaginar a ordem em que cada um deles vai morrer durante o filme. Mas não como essas mortes ocorrerão.
Juízo Final
Juízo Final
Juízo Final
Vindo de filmes cheios de ação, suspense e criaturas esquisitas - como Cães de Caça (Dog Soldiers) e Abismo do Medo (The Descent) - o diretor/roteirista Neil Marshall continua sua trilha de sangue. A Glasgow que ele apresenta está totalmente abandonada... exceto por um grupo de neopunks sadomasoquistas tatuados e canibais que se esconde até o momento de pegar suas presas. Seu líder é Sol (Craig Conway), um anarquista que controla sua gangue com violência e sexo. Impossível não fazer um paralelo dessa turma e seu cenário pós-apocaíptico com a de Mad Max.
E quando você acha que já viu de tudo, Marshall dá uma virada na mesa e coloca no seu filme um ambiente medieval. E o faz com uma desculpa que até faz sentido e casa bem com a visão de futuro que criou e o cenário escolhido, a Escócia e seus castelos. Afinal, como diz o Dr. Cane (Malcolm McDowell): "em terra de infectados, quem é imune é rei".
Como já deu para perceber, Marshall não se importa muito com coerência e realidade. O que ele quer - e consegue - é mostrar o máximo de ação possível, seja em ambientes fechados, em persguições de carro, a cavalo ou na arena medieval em que sua heroína enfrenta de mãos vazias um cavaleiro com armadura e tudo. É a prova de que nem ele mesmo se leva a sério. E se toda essa maluquice junta ainda não foi o suficiente para te convencer, saiba que a trilha sonora reúne Adam and the Ants, Fine Young Cannibals, Siouxsie and the Banshees, Frank Goes to Hollywood e Kassabian. É uma mistura estranha, mas que combina.
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Juízo Final
Doomsday