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Filmes
Crítica

Mais simples e comercial, Clube do Crime retém algo da magia original

Livro de Richard Osman vai parar no streaming com cortes que não afetam o charme

Omelete
4 min de leitura
29.08.2025, às 10H28.
Atualizada em 05.09.2025, ÀS 09H38
Cena de O Clube do Crime das Quintas-Feiras (Reprdoução)

Créditos da imagem: Cena de O Clube do Crime das Quintas-Feiras (Reprdoução)

O desafio da dupla de roteiristas Katy Brand (Boa Sorte, Leo Grande) e Suzanne Heathcote (Killing Eve), quando confrontadas com a tarefa de adaptar, na era Netflix, o best-seller O Clube do Crime das Quintas-Feiras para um filme de duas horas - incluindo créditos - era muito claro: escolher quais histórias cortar do livro. 

O apelo da obra de Richard Osman, em grande parte, vem de como o autor usa a desculpa do mistério de detetive para abrir espaços nos quais os personagens (confrontados pelos investigadores, que os consideram suspeitos dos assassinatos no centro da trama) podem revelar segredos terríveis guardados há décadas, aventuras sigilosas e grandes loucuras de amor. “Todo mundo tem uma história para contar”, como propõe um dos intertítulos do livro.

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Bom, na versão do diretor Chris Columbus (Harry Potter, Esqueceram de Mim), nem todo mundo tem tempo para contar sua história. Diante dessa realidade, o que o filme tenta manter do ethos de O Clube do Crime das Quintas-Feiras é a generosidade com os personagens cujas histórias de fato aparecem na tela, e o charme inegável do quarteto de protagonistas enxeridos que formam a associação do título. É um prazer reportar que, ao menos no segundo caso, a aposta funciona brilhantemente.

A espiã Elizabeth (Helen Mirren), o psiquiatra Ibrahim (Ben Kingsley), o líder de sindicato Ron (Pierce Brosnan) e a enfermeira Joyce (Celia Imrie) - todos agora aposentados e vivendo no luxuoso complexo de Coopers Chase, onde uma série de assassinatos abala a comunidade de idosos - continuam sendo simplesmente irresistíveis. Mirren, especialmente, prospera no papel da líder imponente que sempre tem uma carta na manga e, com um olhar astuto e algumas palavras bem colocadas, garante que ninguém nunca lhe diga “não”. Mas não há elo fraco no quarteto, e o roteiro garante que todos eles se tornem velhos conhecidos do espectador com o passar dos minutos. 

Também é hábil a forma como Clube do Crime desenha as relações mais importantes ao redor desses protagonistas, seja a improvável amizade de Elizabeth com Bogdan (Henry Lloyd-Hughes, ótimo), a aproximação da policial Donna (Naomi Ackie) com o quarteto, ou a preocupação cautelosa de Joanna (Ingrid Oliver) com a mãe, Joyce. Existe um senso de comunidade vívido aqui, uma arquitetura dramática que convence o espectador a viver nesse mundo com eles.

Menos bem sucedida é a tentativa de trazer para a tela a clareza moral que fez de O Clube do Crime das Quintas-Feiras uma peça extraordinária de literatura. Se Osman tinha o seu “todo mundo tem uma história para contar” em uma mão, a outra estava ocupada entregando condenações inclementemente precisas de arquétipos contemporâneos muito verdadeiros: o homem de negócios ignorante e “espiritualizado” em busca eterna por satisfação própria, o gângster que vive na necessidade de provar a sua legitimidade através da violência, e por aí vai. 

Existia uma balança moral, enfim, entre culpados e inocentes - no sentido real e no metafórico. O filme da Netflix, para ser bem direto, perde essa balança de vista. E, assim desarranjado, o retrato que ele pinta no fim de sua investigação é um de privilégio inflexível. Os donos do dinheiro se safam com suas tramas para desmontar sistematicamente as vidas dos que trabalham abaixo deles; o absolutismo da lei vale para os justificados, e inexiste para os que são cruéis sem nenhuma necessidade.

Ademais, é justamente no terceiro ato que problemas de ritmo no roteiro se inflamam, e a direção quadrada de Columbus começa a incomodar mais. A fotografia envernizada de Don Burgess (Forrest Gump) e a montagem dinâmica de Dan Zimmerman (O Professor Aloprado) não convivem muito bem desde o início do longa, gerando tomadas incômodas, mas esse desajuste fica mais claro no clímax. De certa forma, O Clube do Crime das Quintas-Feiras é um filme indeciso quanto ao tom que quer atingir - talvez pela vontade de ser mais comercial, de apelar aos “quatro quadrantes” do público da Netflix. 

Na página, a história de Osman é muito mais idiossincrática que isso, predicada em uma vontade de corrigir injustiças e entender complexidades humanas. É uma história de detetive que investiga os personagens, e o que eles significam, ao passo que os inventa. O que a Netflix nos entregou foi uma versão mais simples, e mais simplista, dessa mesma investigação.

Nota do Crítico

O Clube do Crime das Quintas-feiras

The Thursday Murder Club

2025
118 min
País: EUA
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Suzanne Heathcote, Katy Brand
Elenco: Tom Ellis, Ben Kingsley, David Tennant, Naomi Ackie, Daniel Mays, Pierce Brosnan, Celia Imrie, Jonathan Pryce, Helen Mirren, Richard E. Grant, Henry Lloyd-Hughes
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