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Filmes
Crítica

Casa de Dinamite dissolve seu ótimo suspense com anticlímax após anticlímax

Dirigido por Kathryn Bigelow, suspense com aspirações de Oscar é frustrante mas intenso

Omelete
5 min de leitura
23.10.2025, às 08H40.
Vale a pena ver Casa de Dinamite?

Créditos da imagem: Netflix

Mais de uma vez durante seus três atos – todos encenando os mesmos minutos de nervosismo entre a descoberta de um míssil nuclear indo em direção aos EUA e seu impacto iminente –, Casa de Dinamite atinge um nível de tensão que só uma grande cineasta como Kathryn Bigelow é capaz de alcançar. Pulamos de sala de controle para sala de controle, passeando entre ligações de generais e políticos, telões com gráficos e estimativas e a constante imagem do mapa onde o objeto está sendo rastreado em tempo real. Nenhuma bala é disparada. Não há troca de socos. E, ainda assim, Bigelow repetidamente nos coloca de olhos arregalados e postura tensa.

É, então, profundamente frustrante que Casa de Dinamite repetidamente dissolva essa energia com anticlímax após anticlímax. Num quê sisifiano, o filme de Bigelow frequentemente nos leva ao apogeu do que arte deste tipo consegue criar, pulsando em nossa mente como um cronômetro se movendo perigosamente em direção ao zero, mas que volta para o começo – literalmente – sempre que os últimos segundos se esgotam. Muito disso é fruto da estrutura arriscada adotada pelo roteiro de Noah Oppenheim: cada ato escolhe três ou quatro núcleos de personagens – analistas, jornalistas, pilotos, senadores – para acompanhar durante aqueles momentos de ansiedade e medo. Ouvimos e vemos vislumbres de outras figuras durante cada seção, e então a perspectiva muda para que quem antes só aparecia numa videochamada agora assuma o holofote.

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Entre os participantes estão Rebecca Ferguson como a capitã Olivia Walker, Idris Elba como o presidente dos EUA, Gabriel Basso como o vice da NSA, Anthony Ramos como um major na base de defesa contra ogivas nucleares, Greta Lee como uma expert na Coreia do Norte, Jared Harris como o secretário de defesa e, o melhor desta trupe e quem mais parece aproveitar o material do longa, Tracy Letts como um general sedento por guerra. Kaitlyn Dever, Renée Elise Goldsberry, Brittany O’Grady, Willa Fitzgerald, Brian Tee, Kyle Allen e Jason Clarke completam a lista de nomes e rostos reconhecíveis no elenco, e todos se comportam de maneira muito séria e muito sóbria diante das circunstâncias.

Para ser justo, as circunstâncias são mesmo muito sérias. Mas o texto do filme pende perigosamente para o melodrama quando decide pautar os dilemas em coisas como mulheres grávidas, pais distantes de filhas e pedidos de casamento que estavam planejados para aquela noite. Não é que esses não sejam campos férteis para drama, mas é difícil levá-los a sério quando a morte de pelo menos 10 milhões de pessoas se aproxima em velocidade de cruzeiro, e os cortes para inserir o que Casa de Dinamite imagina como meios de envolver o público de maneira pessoal com a história mais parecem jogadas baratas, a lá séries policiais de TV a cabo, de gerar investimento emocional. O calibre de alguns atores como Ferguson – implacável em seu foco – e Elba – seu carisma salva completamente o papel – até ajuda, mas não há como comprar a imagem de um agente de segurança nacional citando a gravidez de sua esposa numa ligação com um chanceler da Rússia onde a possibilidade de uma guerra termonuclear é levantada.

Vale a pena ver Casa de Dinamite?
Netflix

Apesar de problemáticas, muitas dessas decisões seriam perdoadas se o filme as usasse para chegar em algum lugar. Aqui surge o principal algoz de Casa de Dinamite: ao voltar duas vezes para o começo daquele dia, o filme corta as próprias pernas e precisa reconstruir a força gravitacional que nos puxa até a beira da cadeira do cinema (ou do sofá, já que a maioria das pessoas verá este filme na Netflix). 

Milagrosamente, Bigelow se mostra à altura do desafio que seu próprio filme impõe, um feito considerável dado que Casa de Dinamite essencialmente se comporta como um suspense de escritório onde os riscos são apocalípticos. Entre cacofonias em salas de reuniões, closes desconfortáveis em rostos suando e silêncios que parecem durar uma eternidade, a cineasta reafirma sua capacidade de pintar uma atmosfera onde cada movimento tem megatons de potência. 

Vale a pena ver Casa de Dinamite?
Netflix

O foco, porém, – tanto o de Bigelow quanto do roteiro – parece limitado à reação desse seleto grupo de pessoas. Casa de Dinamite não demonstra muito interesse em explorar como chegamos neste ponto, quais as consequências duradouras do disparo e muito menos as ramificações políticas e militares de uma possível explosão atômica num centro metropolitano dos EUA. Seu escopo está restrito aos processos e burocracias que ajudam e atrapalham a resposta de um país a algo que, nos termos mais literais possíveis, não tem um alvo para atingir.

Justamente por manter a mira tão centrada nas dinâmicas dessas pessoas, quaisquer dilemas sobre a forma correta de revidar – atacar todos os inimigos dos EUA com bombas semelhantes, decimar um único adversário que pode nem ter sido o responsável ou, pasmem, não fazer nada – se apresentam como discussões vazias. Conforme o clímax se aproxima, Casa de Dinamite se vê sem saídas. Impedido de outro regresso cronológico para a paz antes do caos e incapaz de encontrar uma saída para suas características mais explosivas, o filme termina num não-final frustrante. 

É uma decisão proposital, claro. Uma que busca ir na contramão das expectativas para esse tipo de narrativa, mas uma que resume a obra a um grande lamento pelo… bom, pelo fato de que estamos tragicamente despreparados para um cenário desse. Não é exatamente uma conclusão inédita, ainda mais quando ela é expressada primariamente pelo desespero de estrategistas enfurnados em seus bunkers.

Casa de Dinamite foi lançado nos cinemas brasileiros em 9 de outubro. Ele chega à Netflix em 24 de outubro.

Nota do Crítico

Casa de Dinamite

A House of Dynamite

2025
115 min
País: EUA
Classificação: 14 anos
Direção: Kathryn Bigelow
Roteiro: Noah Oppenheim
Elenco: Tracy Letts, Brian Tee, Jason Clarke, Rebecca Ferguson, Moses Ingram, Kyle Allen, Jonah Hauer-King, Anthony Ramos, Idris Elba, Gabriel Basso, Greta Lee, Willa Fitzgerald
Onde assistir:
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