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Bright | Crítica

Apesar de Will Smith, fantasia policial da Netflix desperdiça oportunidades

27.12.2017, às 09H38.
Atualizada em 28.12.2017, ÀS 12H08

Bright é a mais ousada tentativa da Netflix no mundo dos longa-metragem. O filme de David Ayer conta com Will Smith, um dos maiores astros de Hollywood, ao mesmo tempo que coloca Los Angeles no meio de um mundo fantástico habitado por orcs, fadas, dragões e elfos. Eles dividem os mesmos preconceitos e problemas sociais do "mundo real"; elfos privilegiados, orcs marginalizados. A proposta é interessante, tem ótima representação visual, mas peca na hora de apresentar os conceitos que fariam aquele mundo se sustentar.

A dupla protagonista, Smith e Joel Edgerton, carrega o filme nas costas, assim como os dilemas que aquela realidade propõe. Jakoby é o primeiro orc a entrar para a polícia de L.A. e centraliza todo o preconceito e corrupção que corporações gigantes possuem. No meio disso, há uma profecia sobre uma varinha mágica que trará à Terra o Senhor das Trevas, um ser superpoderoso que teoricamente destruiria o mundo e faria a magia reinar novamente. E é nesse segmento que o texto de Max Landis escorrega.

Enquanto propõe discutir a briga entre clãs e sutilmente fala sobre os quesitos fantásticos dos EUA, o roteiro funciona. Smith e Edgerton têm química e o tipo de humor faz com que exista não só uma ligação interessante entre os personagens, como aprofunda a história de ambos. Ward se apega aos conceitos corretos de um policial, mas não é o herói incorruptível; o físico de Jakoby sugere ignorância, mas sua índole é o que guia o parceiro ao longo do filme. Tudo que cerca a discussão sobre essa dupla estranha dentro dos grupos é envolvente - o problema surge quando os Brights e a varinha entram em questão.

O segmento mágico de Bright é focado nas pessoas que dão título ao filme, seres capazes de dominar uma varinha mágica. Com esse objeto, tudo é possível. Desde destruir prédios até ressuscitar pessoas. O roteiro tenta emplacar uma "guerra" nos bastidores daquela Los Angeles fantástica, mas acaba só incluindo uma briga entre dois pequenos grupos formados por personagens sem carisma ou presença. O elfos não passam de seres esquisitos, de orelhas pontudas e canastrões. Os conceitos são jogados e claramente há potencial, mas nenhum deles é desenvolvido.

Por ser dirigido por David Ayer, era de se esperar que Bright tivesse cenas de ação intensas. Não é o que acontece. Tirando uma cena em câmera lenta, todas as sequências são filmadas sob uma fotografia escura e empoeirada que pouco aproveita a intensidade das lutas e tiroteios. O próprio Ayer apresentou, em filmes como Corações de Ferro e Marcados Para Morrer, cenas onde o mesmo tipo de cenário oferecia algo mais impactante. Aqui, as coreografias e a movimentação da câmera são simplórias e pouco ajudam na imersão do espectador.

O carisma da dupla principal e a proposta de fantasia policial salvam o filme, apesar dos erros ao longo do caminho. O foco em inúmeras frentes faz com que o pouco que há de interessante no roteiro seja realmente aproveitado. Todos os principais envolvidos em Bright têm trabalhos melhores dentro do gênero thriller policial - vide Marcados Para Morrer, Bad Boys ou Reino Animal. E no fim, mesmo com a química entre os protagonistas, a fantasia - o que há de mais interessante em Bright - é eclipsada por uma história que explora mais os pontos fracos do que as virtudes de um mundo mágico com potencial.

Nota do Crítico
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