Filmes

Crítica

Batman Ninja | Crítica

Filme tem um belo trabalho visual, mas é carregado de clichês

22.05.2018, às 10H55.
Atualizada em 22.05.2018, ÀS 11H15

Elseworld é uma linha de quadrinhos da DC Comics que aborda universos paralelos. Algumas histórias como Reino do Amanhã e Superman Entre a Foice e o Martelo se tornaram clássicos, mas outras menos celebradas, como Batman – A Guerra da Secessão, onde o morcegão se vê na guerra civil americana, também foram publicadas com este selo. Batman Ninja, a nova animação da DC, é uma espécie de Elseworld animado que traz um belo trabalho visual em uma narrativa sem qualquer sentido e carregada de clichês.

A trama se inicia com o Gorila Grodd ativando uma máquina do tempo dentro do Asilo Arkham, transportando a si mesmo e alguns dos presentes para o Japão feudal. Lá, grandes nomes da galeria de vilões do Cavaleiro das Trevas se tornam líderes de povoados rivais. Cabe ao Batman e seus ajudantes a tarefa de evitar uma guerra entre seus inimigos e voltar ao presente a tempo.

Essa não é a primeira vez em que o Batman ganha um anime. Porém, Cavaleiro de Gotham, lançado em 2008, não poderia ser mais diferente de Ninja. Enquanto o primeiro é dividido em episódios e trouxe quadrinistas consagrados como Brian Azzarello (100 Balas) e Greg Rucka (Mulher-Maravilha) para escrever os roteiros, o segundo é uma mistura caótica da Batfamília com os expoentes mais famosos da cultura nipônica.

A começar pelo redesign dos personagens, orquestrado por Takashi Okazaki (Afro Samurai), que mescla tudo com características visuais do Japão clássico, que vão de escolhas simples como os cortes de cabelo dos Robins a referências mais complexas, como a metade maligna do Duas Caras ser representada por uma máscara Hannya. A partir daí surgem os mais famosos exemplos do que o ocidente tem contato da cultura japonesa, passeando entre combate samurai e robôs gigantes.

A história é recheada de momentos absurdos e é necessário escolher entre abraçar ou odiar a galhofa. Caso a escolha seja a primeira, Batman Ninja pode se mostrar um produto curiosamente divertido. Clãs com suas profecias milenares, duelos de espada em uma floresta ao anoitecer, e até mesmo mechas (robôs gigantes) que se fundem no melhor estilo Megazord. Uma mistura de clichês que não faz o menor sentido, mas como a narrativa não tenta se justificar, é legítimo aproveitar tanta maluquice, especialmente pelo trabalho artístico apresentado.

A animação é em 3D em sua maior parte, técnica bastante usada atualmente na indústria dos animes, e tem um cuidado extra para que tenha identidade própria. Assim como os designs, os cenários e apetrechos usados pelos personagens são baseados na cultura do Japão feudal. Sequências como as de luta são dinâmicas, com coreografias empolgantes e bem trabalhadas que se valem não só de características clássicas dos personagens, mas também do contexto histórico.

Durante a história há uma espécie de interlúdio em que o filme deixa de ser computadorizado e passa a ser contado em uma técnica que emula pintura. Uma cena que só não é mais agradável pela equivocada escolha do roteiro em se levar a sério demais nesse momento. Além desse súbito desvio de humor, o maior problema do longa é a repetição. São comuns os momentos em que personagens verbalizam acontecimentos recentes, como se fosse necessário explicar para alguém que não estivesse assistindo, o que prejudica o ritmo do anime e o torna cansativo.

Ainda assim, entre sua premissa surreal e design fantástico, Batman Ninja se vale da falta de sentido e diverte na mesma proporção em que se ridiculariza. Com um visual caprichado, o anime utiliza características do entretenimento japonês e se torna uma grande homenagem, mesmo que carregada dos clichês do gênero para resolver sua trama. O filme chegou ao Brasil no início de maio e está disponível em plataformas digitais.

Nota do Crítico
Bom
Batman Ninja
Batman Ninja
Batman Ninja
Batman Ninja

Ano: 2018

País: Japão, EUA

Direção: Junpei Mizusaki

Roteiro: Kazuki Nakashima

Elenco: Fred Tatasciore, Tara Strong, Roger Craig Smith, Yuri Lowenthal, Adam Croasdell, Tom Kenny, Tony Hale, Will Friedle, Grey DeLisle, Atsuko Tanaka, 森川智之, Takehito Koyasu, Choo, Junichi Suwabe, Yūki Kaji, Kengo Kawanishi, Akira Ishida, Daisuke Ono, Hôchû Ôtsuka, Ai Kakuma, Rie Kugimiya, Wataru Takagi, Koichi Yamadera

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.