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Crítica

Batalha Real | Crítica

Hiperviolência made in Japan

04.01.2002, às 01H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H12

Baseado no livro de Koshun Takami, Batalha Real é um filme bastante violento. Guardadas as devidas proporções, compara-se ao clássico Laranja Mecânica de Stanley Kubrick.

A história é simples: Em um futuro próximo, no qual a violência e a delinqüência juvenil no Japão chegaram a níveis insustentáveis, o governo japonês institui o programa Batalha Real, basicamente uma versão hardcore de No Limite em que uma turma de colegiais, entre 15 e 16 anos, é enviada a uma ilha deserta onde deve lutar por três dias até que reste apenas um sobrevivente. As armas são por conta da casa. Se restar mais de um sobrevivente, todos morrem, de modo que a disputa torna-se bastante acirrada. Colares explosivos coíbem trapaças.

Batalha Real

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Deste conceito, que, em mãos certas, poderia se tornar um clássico, resulta um filme problemático, que usa o impacto e a violência para ocultar suas fragilidades de roteiro e de interpretação.

O roteiro peca pelo excesso. Algumas situações são demasiado melodramáticas, especialmente em um tema que convida abordagem mais “tarantinesca”. Os protagonistas também exibem improvável ingenuidade. Algumas personagens comportam-se como crianças! E é paradoxal a quase total ausência de sexo – nem mesmo a mais reles insinuação - em um grupo de adolescentes cheios de hormônios em uma situação-limite. De certa forma, porém, a falta de erotismo é compensada por doses generosas de violência, garantindo que esse filme dificilmente seja exibido em grande circuito no Brasil. Vejam só! Foi proibido até nos EUA, pátria-mãe da violência no cinema...

A abundância de violência – e a inexistência de erotismo – classifica o longa como uma produção destinada ao público jovem (!) japonês. Notem que a Toei (produtora do filme) é especializada em desenhos animados e séries de monstros de borracha...

Já os atores, a grande maioria na mesma faixa etária de suas personagens, pecam pela inexperiência. Alguns até conseguem mostrar a que vieram, mas a grande maioria, inclusive o casal de protagonistas, tem interpretações pífias. A narrativa se ressente da má atuação, uma vez que não é fácil se sensibilizar com mortes violentas de personagens inócuas e sem carisma. Aí estão as inúmeras seqüências de Jason e Freddy Krueger para não me deixar mentir.

O melhor ator é, com folga, o experiente “BeatTakeshi Kitano (de Hana-Bi). Ele está em casa no papel do professor sádico que “supervisiona” a matança de seus alunos. Rouba a cena em todas as suas aparições e não só por viver, sem dúvida, a personagem mais interessante de todas. Suas cenas, principalmente quando expõe as regras do “jogo” para os alunos, empregando um hilário filme explicativo, valem o preço do ingresso!

Em suma, temos uma produção esforçada com orçamento razoável para padrões japoneses, conferindo-lhe a aparência de uma peça menor de Hollywood. No entanto, o empenho é prejudicado pela decisão de se empregar atores jovens e contar com um roteiro simplório. Ironicamente, poderia ter funcionado melhor como animação, haja vista as boas soluções encontradas pela HQ japonesa baseada no mesmo livro.

BATALHA REAL (BATTLE ROYALE)
Toei Company - longa-metragem
114 minutos – Cor – 2000 Dirigido por Fukasaku Kin

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