Aquamarine | Crítica
Aquamarine
![]() |
||||
|
||||
![]() |
||||
![]() |
||||
![]() |
||||
No cinema também existem filmes feitos para um grupo específico de espectadores. São produções centradas em retratar uma realidade particular de um grupo social. A grande sacada nesses projetos é conseguir aumentar o leque dos apreciadores, tornando a experiência esquecível em prazerosa também fora do público-alvo. Aquamarine (2006) se encaixa perfeitamente nessa teoria. Uma produção voltada para o universo adolescente feminino, mas que consegue prender o interesse do público, que simplesmente busca no cinema uma maneira de relaxar numa tarde de fim de semana.
Na trama Claire (Emma Roberts) e Hailey (Joanna Jojo Levesque), duas grandes amigas de 13 anos, embarcam na aventura de suas vidas quando descobrem uma sereia (Sara Paxton) chamada Aquamarine numa piscina do clube de praia. Aquamarine veio parar ali depois de uma grande tempestade numa pequena cidade da Flórida. A linda sereia de cabelos azuis fugiu de sua casa um pouco antes de seu casamento arranjado, em busca do verdadeiro amor. Se ela puder provar para seu pai que o amor não é um mito, ele permitirá que ela abandone seu noivado. Mas ela só tem 3 dias para provar isso a ele. Aqua acaba apaixonando-se pelo salva-vidas do clube Capri, Raymond (Jake McDorman) e quando ela promete dar a Claire e Hailey o desejo de sua escolha se elas a ajudarem a conquistar Raymond, as garotas aceitam essa oportunidade prontamente - porque a não ser que algo mágico aconteça, Hailey irá se mudar para a Austrália junto com a sua mãe.
Com um enredo desses não fica difícil de imaginar que se trata de uma grande bobagem. E é. Mas feita de forma convincente. Direção e roteiro se completam, tornando a narrativa interessante. A diretora Elizabeth Allen expõe todas as aflições, dúvidas e desejos inocentes que normalmente afligem meninas de 13 anos. O exagero que provocaria o riso fácil foi substituído pelo realismo. Até porque as dificuldades encontradas numa idade de descobertas e transição são, por si, só engraçadas quando lembradas mais tarde. Ao mesmo tempo a história é repleta de fantasia. E é justamente da união do lúdico com a realidade que o filme ganha seu charme.
Tudo isso foi possível também devido à escolha do elenco. As duas amigas inseparáveis, interpretadas de forma brilhante por Emma e Joanna, são o pilar de sustentação da história. Muitas são as situações em que elas se envolvem. Todas são construídas dignamente. Um exemplo é assisti-las procurando entender os meninos nos testes que são publicados nas típicas revistinhas estilo Capricho. Outro que chama atenção é Jake McDorman no papel de Raymond. Sua atuação é completamente canastrona, mas justamente o que o personagem precisava. Imaginem um cara com físico de surfista, de cabelos lisos aloirados estilo anos 70 e meio desligado. Sara Paxton no papel da sereia não compromete, mas tem todas as suas cenas roubadas por Emma e Joanna. Completando o elenco temos o grupo das meninas "patricinhas", que representam as vilãs. Destaque para Arielle Kebble, no papel de Cecilia, a líder do grupo. Não por sua atuação, mas sim, por lembrar um rascunho da gatísssima Jessica Alba.
Interessante nesses personagens é a identificação com as mesmas figuras dramáticas em filmes do universo dos meninos. Por analogia Claire e Hailey seriam os nerds, até se vestem de forma parecida. Raymond representa a gata da escola, o elemento de desejo. E as patricinhas seriam os valentões jogadores de futebol americano que implicam a todo tempo com os protagonistas. A grande diferença está na sensibilidade que o tema foi abordado e na profundidade da elaboração. E se prestarmos bastante atenção poderemos perceber algumas representações. No caso de Aqua, ela serve como uma irmã mais velha que toda menina sonha ter. Ao mesmo tempo ela está ajudando Claire e Hailey na difícil transição da fase criança para adolescência sem deixar que elas percam a inocência. Tudo bem que no livro escrito por Alice Hoffman, na qual foi baseado o roteiro, os temas não recebem o mesmo aprofundamento. Mas todas as emoções permaneceram intactas, como o medo de mudanças, enfrentar os seus próprios medos e o desafio de crescer. Fora, que acertadamente, a cineasta Elizabeth Allen privilegiou a importância da amizade ao romance. Uma decisão pouco comum nesse gênero de filme.
Aquamarine
Aquamarine



