O título genérico de American Woman não faz jus ao filme. O longa de Jake Scott acompanha a vida de uma americana, mas o seu apelo vai além da sua nacionalidade. Seguindo os passos do pai Ridley Scott em Thelma & Louise (1991), o cineasta e o roteirista Brad Ingelsby observam a força da mulher comum.
Não que o longa tenha aventuras ou perseguições emocionantes. American Woman explora o drama de Debra (Sienna Miller) por um viés trivial. O arco inicia com o desaparecimento da sua filha e segue os 11 anos da sua busca por respostas. Nesse tempo, ela precisa criar o neto, amadurecer, buscar uma vida melhor, dar uma chance para o amor... Uma vida comum, apesar do constante peso da ausência.
A passagem de tempo é o aspecto visual mais interessante de American Woman. Scott mescla os períodos em uma mesma cena, dando movimento à narrativa. São idas e vindas que representam diferentes fases na vida de Debra. Uma escolha que ganha consistência pela atuação de Miller. Mesmo que não aparente envelhecer fisicamente, ela amadurece - o contraste entre a primeira e a última cena é notável.
Outro ponto positivo é empatia pelos personagens secundários. Katherine (Christina Hendricks) e Terry (Will Sasso), a irmã e o cunhado de Debra, são figuras comuns e adoráveis, tornando a jornada do longa agradável, apesar da tragédia inicial. Curiosamente, apenas Aaron Paul, um dos interesses românticos da protagonista, não se encaixa na dinâmica do elenco. A culpa, porém, não é só do ator. O roteiro falha na construção de uma história de amor crível. A relação é mais um item a ser cumprido no arco de Debra do que uma parte integral da narrativa.
American Woman é uma história de resiliência que cativa por sua simplicidade. O evento dramático - o desaparecimento da filha - é deixado em segundo plano para estabelecer uma análise do cotidiano da perda. É uma perspectiva diferente, nem sempre executada por completo, mas que se sobressai por olhar além do que seria considerado cinematográfico.
Ano: 2018
País: EUA, Reino Unido