Filmes

Crítica

Altman - Um Cineasta Americano | Crítica

Documentário homenageia Robert Altman em tom de registro de família

28.09.2014, às 10H29.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

A partir de uma expressão, "altamanesco", presente em dicionários de inglês, o diretor Ron Mann convida a depor, para redefinir o que significa essa palavra, atores que trabalharam com Robert Altman (1925-2006). As respostas coletadas no documentário Altman - Um Cineasta Americano (Altman, 2014) reforçam a imagem de inquietude associada ao cineasta desde Mash (1970).

altman

None

Não há redefinição possível em um projeto como Altman - Um Cineasta Americano, filme pensado e realizado como uma celebração, daqueles que listam todos os trabalhos do homenageado em ordem cronológica, mesmo os menos notáveis. Quem espera uma investigação ou uma revisão da obra de Altman vai se decepcionar com o filme de Mann; o que o documentário tem de melhor, enquanto produto oficial, é justamente o aval da família Altman.

E nesse sentido a pesquisa de Ron Mann junto à família Altman gera algumas imagens interessantes - na sua maioria filmes caseiros inéditos, reproduzidos em trechos na tela - e algumas histórias curiosas, como quando Altman foi demitido por Jack Warner de No Assombroso Mundo da Lua (1967) porque gravou as falas dos atores um em cima do outro.

Altman aparece bastante no filme em entrevistas concedidas ao longo dos anos, e explica com clareza como funcionava essa sua famosa busca pelo realismo. Numa época em que o cinema trabalhava com regras de teatralidade - como um ator esperar o outro terminar de falar antes de replicar - Altman buscava emular a vida real, em que conversas se cruzam e é o ouvinte que escolherá qual acompanhar.

Altman - Um Cineasta Americano não desmistifica nada em torno da figura do cineasta talvez porque, em boa medida, as licões deixadas por Altman continuem valendo hoje em dia. É um documentário chapa-branca que toca vez ou outra em pontos nervosos (como quando um filho relembra da ausência do pai workaholic, na infância) mas, como toda fita caseira de família, tenta se prender aos momentos felizes.

O que não deixa de ser irônico: enquanto contador de histórias, Robert Altman sempre renegou o conceito de final feliz. Era famoso por seus finais abertos, por não acreditar que histórias se encerravam ao final de um filme. "O único final que eu conheço é a morte", dizia ele.

Nota do Crítico
Bom

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.