Aliança do Crime | Crítica
Johnny Depp salva filme de máfia de ser ignorado
Johnny Depp carrega Aliança do Crime (Black Mass) no papel do mafioso descendente de irlandeses Whitey Bulger. Completamente fora de sua zona de conforto, o ator interpreta o criminoso sob pesada maquiagem, algo que ele está acostumado a fazer, mas entrega uma atuação contida e ameaçadora.
Fica fácil esquecer de Depp depois de alguns minutos, ainda que suas feições reptilianas e um tanto cadavéricas causem estranheza. É nos movimentos econômicos, na risada raspada, na sensação de insegurança, que Bulger surge, algo que Depp devia há algum tempo.
Ainda que os demais integrantes do elenco estejam muito bem, em especial Joel Edgerton, não há muito que diferencie Aliança do Crime de tantos outros filmes de máfia. O diretor Scott Cooper joga dentro demais das regras/clichês do gênero, sem assinatura ou novidade.
A trama, que adapta o livro de Dick Lehr e Gerard O’Neill, acompanha Bulger ao longo de três décadas, de um criminoso comum a líder de um dos maiores grupos da máfia em Boston. Em paralelo, mostra sua colaboração com um agente do FBI e amigo de infância (Edgerton), que o transformou em um superprotegido informante.
A história real de como um bandido foi de certa maneira promovido a rei do crime pelo FBI é boa demais para que o filme não se posicione melhor. Aliança do Crime parece mais fascinado com a figura de Bulger do que em fazer alguma crítica ou comparação - existem inúmeras cabíveis dentro da política intervencionista dos EUA. O irmão de Bulger, um senador poderoso, é igualmente ignorado, desperdiçando em boa parte o trabalho de Benedict Cumberbatch. Como ele, há vários outros atores de prestígio pouco aproveitados no elenco.
Não fosse Depp mostrando por que ainda é considerado um dos melhores atores em atividade, Aliança do Crime seria só mais um filme de máfia genérico, ignorado pelo público e a caminho do esquecimento. Algo absurdo, considerando a força da história.
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