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Filmes
Crítica

Para o bem e para o mal, A Melhor Mãe do Mundo não foge da miséria de folhetim

Shirley Cruz brilha em filme irregular de Anna Muylaert

Omelete
3 min de leitura
07.08.2025, às 10H37.
Cena de A Melhor Mãe do Mundo (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de A Melhor Mãe do Mundo (Reprodução)

A Melhor Mãe do Mundo começa e termina com a câmera trancada no rosto de Shirley Cruz. Na cena inicial, a sua personagem Gal fala - aos trancos e barrancos, envergonhada, mas fala - com uma agente social sobre a agressão que sofreu do namorado, Leandro (Seu Jorge). Perguntada dos detalhes do ocorrido, e sobre ser a primeira vez que isso acontece ou não, a protagonista evita o olhar da sua interlocutora, mas entrega as informações a solavancos, sem ceder à vergonha e medo que a rodeiam, mas nunca a penetram. É essa mesma firmeza que Cruz mantém durante todo o filme de Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?), entregando uma performance que aborda o drama e as alegrias de Gal sem rodeios cênicos, sem a menor vontade de transformá-la em algo que ela não é.

Cruz é o maior triunfo de A Melhor Mãe do Mundo, talvez até por entender sua personagem como a versão folhetim de uma realidade mais complexa - um símbolo, ainda que não deixe de ser uma pessoa. É majoritariamente por ela que o novo trabalho de Muylaert nos convence de que há valor em explorar a miséria e a violência da metrópole paulistana nessa chave de melodrama, completa com um dispositivo à la A Vida é Bela para entender o local da criança no contexto. Não à toa, o momento mais fraco do longa é justamente o miolo, no qual Gal, que ganha a vida como catadora, coloca os dois filhos na sua carroça e, convencendo-os de que se trata de uma grande aventura, atravessa São Paulo à pé para a casa de uma parente a fim de fugir do jugo de Leandro.

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É nesse período, também, que A Melhor Mãe do Mundo tenta se posicionar como uma espécie de road movie dentro da capital paulista. Com a ajuda da diretora de fotografia Líliis Soares (Ó, Paí, Ó 2), Muylaert vai revelando a São Paulo do Sol escaldante em cima do asfalto, do perigo de puxar sua carroça pelos acostamentos das grandes vias, dos trabalhos pesados que se desenrolam em galpões e cercados de concreto enfiados em ruas quase vazias, das praças onde se reúnem os desabrigados para algum tipo de comunidade durante a noite. É um empreendimento revelador sobre o que vemos pelas nossas janelas todos os dias, mas tantas vezes treinamos nossas mentes para não enxergar. Como escolha estética que sublinha uma mensagem social, é forte - mas falta carne dramática nessa jornada, que deixa o longa à deriva por tempo demais.

Melhor é quando A Melhor Mãe do Mundo recupera a centralidade das relações de Gal, num terceiro ato no qual Muylaert e Soares juntam forças com Cruz e Seu Jorge para criar uma tensão palpável entre o casal, e do casal com a família. Graças ao trabalho integral da protagonista, entendemos as hesitações e rendimentos de Gal, torcemos pela quebra de um ciclo que ela nos faz compreender, e procuramos com ela as saídas dele. Graças à mão leve da diretora, as dinâmicas abusivas entre o casal se mostram cristalinas em tela, o desconforto e o choque colocados onde eles precisam ser, e retirados da mesma forma. Há uma força nessa fatia final do longa que é o melhor argumento pelo folhetim como reflexão aumentada da(s) realidade(s) brasileira(s), e de como é possível (será que é possível?) transformá-las com a solidariedade.

No entanto, talvez também como todo folhetim, é só nos seus primeiros impulsos e em seus desfechos que A Melhor Mãe do Mundo se justifica como exercício narrativo. Há um outro filme escondido no entremeio entre uma coisa e outra, e esse outro filme trafega em chavões que estão abaixo dos talentos envolvidos nele. Shirley Cruz não tem vocação para Roberto Benigni, e Anna Muylaert é uma cineasta atenta demais às dinâmicas entre seus personagens para desperdiçar seus talentos num road movie insular - por mais tecnicamente interessante que ele seja.

Nota do Crítico

A Melhor Mãe do Mundo

2025
105 min
País: Argentina, Brasil
Direção: Anna Muylaert
Roteiro: Anna Muylaert
Elenco: Shirley Cruz, Seu Jorge, Luedji Luna
Onde assistir:
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