A Luz do Demônio é uma história de origem de super-heroína exorcista

Créditos da imagem: Paris Filmes/Divulgação

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Crítica

A Luz do Demônio é uma história de origem de super-heroína exorcista

Divirta-se com um empoderamento feminino católico

Omelete
3 min de leitura
28.10.2022, às 10H52.

Pense em algo como a Mulan católica, na Hogwarts do exorcismo. Este é o charme de A Luz do Demônio, se você não quiser levar o novo longa de Daniel Stamm (O Último Exorcismo) muito a sério, o que, inclusive, é recomendado. Este é um filme basicamente católico e, por isso, moralista, mas esperar que um filme de exorcismo não seja religioso seria um vacilo em si. A fé em Deus está nas bases de qualquer trama vinculada ao ritual, e A Luz do Demônio não só não inova nesse quesito como é rígido e punitivo. Mas o filme tem sustos suficientemente eficientes para distrair, e uma protagonista super carismática para liderar o caminho. 

Aqui, acompanhamos a jornada da freira Ann (Jacqueline Byers), funcionária de um hospital psiquiátrico-católico, onde médicos e padres se aliam para analisar casos e julgar pacientes que devem ser submetidos a rituais além da ciência. A instituição funciona dentro de uma escola de exorcismo divertidíssima: aqui, jovens padres aprendem sobre o ritual e estudam casos do passado para se especializar na prática. Mas só padres, porque a Igreja Católica proíbe esse ofício às mulheres. Até chegar a irmã Ann, claro. 

A infiltração da personagem nas aulas, seu interesse natural e sua aptidão são aqueles elementos instantaneamente cativantes, porque é sempre um deleite acompanhar marginalizados aptos na frente de tantos estudiosos. Ann, no entanto, não é feita só de sucesso: ela lida com um passado traumático, tendo sido abusada pela mãe, que foi possuída durante sua infância. Agora, além de interessada em exorcismo, ela se relaciona particularmente bem com a pequena Natalie, uma das pacientes do hospital que beira o “caso terminal”, isto é, está quase sendo enviada ao Vaticano dado o nível de sua possessão.

Na jornada de desafiar a igreja, Ann cumpre todos os passos de uma história de origem de super-herói. Ela confronta seu passado traumático, impressiona a todos com seu talento de nascença, desafia as regras - com direito a disfarce com roupa de padre e tudo - e é castigada, até chegar na reta final e sua última prova. Nesse caminho, Ann passa por pequenos testes e flashbacks de seu passado, cenas que embalam bem seu caminho com jump scares competentes.

Existe um filme melhor escondido por trás de A Luz do Demônio, porque a discussão entre Ann e a Dra. Peters (uma inesperada Virginia Madsen), psiquiatra do hospital, são promissoras, mas nunca deixam a superfície. Por mais que Ann seja uma personagem complexa o suficiente para tornar o filme convincente, no fim, o catolicismo e suas regras sempre vencem, e o longa nunca pretende se desvencilhar disso. Mesmo assim, A Luz do Demônio se posiciona como desafiador em sua premissa de batalhar o sexismo, e acaba apelando para o encanto de produções desse estilo. 

Para fechar o que tanto se assemelha a uma história de super-herói, A Luz do Demônio ainda encerra com promessa de sequência. É um aceno divertido, e por menor que seja a probabilidade de continuação, a freira Ann deixa sua marca nas telas e cativa a ponto de querermos um segundo filme. Se vier, uma direção mais inspirada e um pouco mais de liberdade religiosa seriam os toques finais para um terror excelente. 

Nota do Crítico
Ótimo
A Luz do Demônio
Prey for the Devil
A Luz do Demônio
Prey for the Devil

Ano: 2022

Direção: Daniel Stamm

Elenco: Virginia Madsen, Jacqueline Byers, Colin Salmon

Onde assistir:
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