Filmes

Crítica

A Justiceira

Apesar das boas cenas de ação, filme com Jennifer Garner chega aos cinemas com anos de atraso

18.10.2018, às 09H54.
Atualizada em 23.10.2018, ÀS 11H38

Chega a ser uma pena quando um filme como A Justiceira entra em cartaz. E não porque a trama é ruim, mas sim porque é um longa que chega com anos de atraso. Na história, Jennifer Garner é Riley North, uma mulher que tem a família morta por traficantes, foge de um julgamento injusto (quando quase é internada por insanidade) e reaparece cinco anos depois disposta a se vingar de tudo e de todos.

Foto de A Justiceira
A Justiceira/Diamond Films/Divulgação

Só essa sinopse já mostra como o longa é parecido com outras franquias de ação, como Jason Bourne e John Wick. Mas ao contrário do filme estrelado por Matt Damon e comandado por Doug Liman em 2002, ou das produções estreladas por Keanu Reeves a partir de 2014 - que trouxeram algo novo ao dar um ar lendário ao seu protagonista - A Justiceira repete fórmulas já vistas pelo público e dificilmente alcançará o potencial que teria há alguns anos.

Chad St. John, roteirista de Invasão a Londres, escolhe desenvolver a história de modo peculiar: após uma apresentação breve de quem a personagem se tornou, o filme embarca em um flashback de quase meia-hora, que explica ao público tudo o que ele precisa saber sobre o passado de Riley. A escolha é corajosa, já que tira de cena a personagem forte e desacelera o ritmo para mostrar como era sua vida em família. Seria uma opção mais interessante, por exemplo, colocar tais flashbacks espalhados pela trama, revelando tudo aos poucos. Seria mais um clichê? Talvez, mas pelo menos manteria algum mistério sobre a protagonista e seus próximos passos.

Com toda essa parte da história resolvida no primeiro ato, A Justiceira poderia partir totalmente para as cenas de ação, mas não é isso o que acontece. O filme usa um tempo considerável para mostrar como a polícia persegue Riley e faz isso da forma mais óbvia possível: com muita ladainha policial e as autoridades sempre um passo atrás da protagonista. Isso - novamente - freia a trama principal e causa impaciência em quem espera cenas catárticas de luta, mas recebe sequências de investigação batidas.

O longa ganha força realmente quando mostra sua protagonista em ação. Livre de qualquer vaidade, Garner se transforma de uma mulher de classe média em uma máquina de combate disposta a tudo para ter justiça para sua filha e seu marido. Lembrando novamente franquias como Bourne, o filme aposta em cenas de luta viscerais e sem muita coreografia. Além disso há um traço interessante na personalidade de Riley, que usa estratégias para vencer seus oponentes, muitas vezes em maior número e mais fortes. Ela cria distrações e não sai atirando à toa: avalia a situação e age de modo certeiro, sem perder tempo - e munição.

E tudo isso fica ainda ainda melhor com a fragilidade que Garner mostra em sua personagem. O que Riley tem de forte fisicamente, tem de luto e tristeza pela vida perfeita que perdeu. Ela se tornou implacável, mas ainda é gentil em seu coração. Para além da violência e de (boas) cenas de ação, A Justiceira mostra que a maior coisa que alguém pode perder é sua humanidade. A protagonista foi quebrada de todas as formas e, apesar de precisar completar sua vingança para seguir em frente, ainda é capaz de ter compaixão e estender a mão para aqueles que foram tão injustiçados o quanto ela.

Mas apesar de ser admirável, esse conceito não é forte o suficiente para superar os já citados defeitos do filme. Ao trazer fórmulas já conhecidas do gênero de ação e deixar as melhores cenas de Riley para o final, A Justiceira prejudica a relação entre o público e a protagonista, deixando a sensação frustrante de que tudo aquilo já foi visto antes em outras obras e com outros atores. O resultado é um filme não necessariamente ruim, mas com pouco a acrescentar. 

Nota do Crítico
Bom
A Justiceira
Peppermint
A Justiceira
Peppermint

Ano: 2018

País: EUA, Hong Kong

Classificação: 14 anos

Duração: 1h41 min

Direção: Pierre Morel

Roteiro: Chad St. John

Elenco: Juan Pablo Raba, John Ortiz, John Gallagher Jr., Jennifer Garner, Annie Ilonzeh

Onde assistir:
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