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Filmes
Crítica

A Era de Ouro almeja e encontra o brilhantismo - mas não o possui

Momentos empolgantes do filme não compensam duas horas de breguice inepta

Omelete
4 min de leitura
CC
10.08.2023, às 06H00.
Ledisi e Jeremy Jordan em cena de A Era de Ouro (Reprodução)

Créditos da imagem: Ledisi e Jeremy Jordan em cena de A Era de Ouro (Reprodução)

Para um filme sobre o produtor de alguns dos épicos de pista de dança mais emblemáticos da história da música, A Era de Ouro tem uma dificuldade absurda de encontrar seu ritmo. De fato, são dois ou três momentos nas 2h17 do filme de Timothy Scott Bogart que realmente pulsam com energia vital genuína, que bancam a tentativa de teatralidade kitsch que perpassa toda a proposta estética do longa, a sua mistura de realidade e fantasia, e a transformam em um espetáculo cinematográfico digno da arte excepcional que foi criada pelos músicos que ele retrata.

É como se, tomado pelo espírito de Neil Bogart - e ele mesmo admite, no filme, que não tinha o talento dos artistas que levou à fama -, A Era de Ouro tropece na genialidade de vez em quando, e mostre-se perfeitamente apto a utilizá-la a seu favor, mas permaneça inteiramente incapaz de tomá-la totalmente para si. Nos seus melhores momentos, essa biografia elegíaca dirigida pelo filho do próprio biografado (pois é, o sobrenome em comum não é coincidência) aspira à superficialidade maníaca de um Elvis, mas Scott Bogart não passa nem perto de ter a fluência pop de Baz Luhrmann, e simplesmente não consegue se segurar ao carro desgovernado do qual ele mesmo tirou o freio.

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Crédito onde é devido: a história de Neil Bogart não foi parar na tela grande só por vaidade da família - ela de fato tem potencial cinematográfico. O produtor e executivo da indústria musical que revelou KISS, Donna Summer, Parliament e Village People para o mundo era uma figura tão colorida quanto os artistas em que apostava: antes da carreira pela qual ficou mais famoso, ele fez “bicos” de cantor e ator pornô, valendo-se de uma mão cheia de pseudônimos diferentes para tal, e se engajou em uma série de trapaças e ilegalidades para conquistar a sua lista impressionante de hits.

A Era de Ouro, é claro, minimiza esses métodos duvidosos como parte do “charme sonhador” de Bogart. Aqui, ganância corporativa se transforma em empreendedorismo romanceado, em papo idealista sobre “eliminar as barreiras” que impediriam a ascensão social dos personagens, que buscam escapar de suas origens economicamente falidas e provar aos seus pais fracassados que o Sonho Americano era sim alcançável - eles só precisavam esperar uma geração a mais do que gostariam. 

Essa conversa toda até cola quando Neil e a primeira esposa, Ruth (Michelle Monaghan, sempre íntegra em cena), estão penhorando alianças de casamento para comprar espaço na vitrine de lojas de música - momento que faz parte de uma das melhores sequências do filme, uma montagem musical ao som de “Cherry on Top”, hit solitário da carreira de cantor de Bogart. Só fica difícil de engolir a idealização exagerada mais a frente no filme, quando a gravadora do protagonista está devendo US$ 6 milhões para a máfia, dinheiro gasto em parte para manter o padrão de vida luxuoso da família do executivo.

No fim das contas, porém, A Era de Ouro não desanda por sua moralidade duvidosa, e sim por sua incompetência marketeira: como as bandas que Neil demorou tanto para fazer vingar, este filme não foi vendido do jeito certo, e a culpa é - obviamente - do vendedor. Se a ideia de Timothy Scott Bogart era pintar o pai como um visionário, um homem que enxergava para além da curva e ditava o que viria a seguir na cultura pop, bom… faltou nos mostrar os momentos em que isso acontece. 

A Era de Ouro é uma lorota engrandecedora, sim, mas captura algo de irresistível quando retrata a criação da deliciosamente obscena versão original de “Love to Love You, Baby”, ou quando mostra Neil brigando para manter as pirotecnias do show do KISS diante de uma indústria que não os entendia. É nesses momentos que a teimosia de um produtor que entende os caminhos narrativos da cultura para a qual está vendendo a arte de seus agenciados pode vir a calhar - se há alguma arte envolvida nesses atos de comércio mediados por executivos da indústria musical, ela está aqui.

Não por acaso, é nessas horas que o filme sabe se aproveitar da qualidade de showman do protagonista Jeremy Jordan, que brilha quando precisa seduzir Michelle Monaghan na base da dança de salão, ou quando dueta com Ledisi (na pele de Gladys Knight) em “Midnight Train to Georgia”. Figurinha carimbada da Broadway, Jordan entrega uma performance perfeitamente afinada ao filme em que se encontra: inteiramente perdida em termos dramáticos, mas explosiva quando precisa dar espetáculo - o que, infelizmente, não passa nem perto de acontecer com a frequência que deveria.

Nota do Crítico

A Era de Ouro

Spinning Gold

2023
137 min
País: EUA
Direção: Timothy Scott Bogart
Roteiro: Timothy Scott Bogart
Elenco: Jason Isaacs, Jay Pharoah, Peyton List, Lyndsy Fonseca, Michael Ian Black, Jeremy Jordan, Dan Fogler, Michelle Monaghan, James Wolk
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