O Clube do Crime das Quintas-Feiras | 7 diferenças entre livro e filme
Mistério de Richard Osman chegou à Netflix com algumas mudanças importantes
Créditos da imagem: Cena de O Clube do Crime das Quintas-Feiras (Reprodução)
ATENÇÃO: Spoilers a seguir!
A adaptação de O Clube do Crime das Quintas-Feiras, best-seller de Richard Osman, finalmente chegou à Netflix - mas quais mudanças foram feitas pelas roteiristas Katy Brand (Boa Sorte, Leo Grande) e Suzanne Heathcote (Killing Eve) na tentativa de espremer o livro em um filme de 2h?
Abaixo, o Omelete lista as maiores diferenças entre as duas versões da história, e ainda conta algumas das subtramas que ficaram de fora do longa - que, inclusive, já está disponível para streaming.
1. Joyce entra no Clube
No filme da Netflix, a personagem de Celia Imrie não é abordada por Elizabeth (Helen Mirren) com um questionamento médico sobre o novo caso do Clube - ou, pelo menos, isso não acontece até o momento em que Joyce entra sem querer, acompanhada pela filha Joanna (Ingrid Oliver), na sala onde o Clube realiza suas reuniões. Assim, a versão cinematográfica coloca a entrada de Joyce na turma mais como um acidente do que como algo calculado por Elizabeth.
2. O plano de Ian
Em O Clube do Crime das Quintas-Feiras, o livro, o desenvolvedor imobiliário responsável por Coopers Chase quer expandir o empreendimento, para isso desalojando um antigo cemitério de freiras que fica na propriedade.
Os moradores já são contra este plano na página, mas o filme intensifica a malevolência de Ian Ventham (David Tennant) quando revela que ele planeja fechar a comunidade de aposentados inteiramente, e construir apartamentos de luxo no lugar - expandindo a construção também para o local do tal cemitério, que segue sendo um ponto de contenção entre Ian e os protagonistas.
3. A foto
Tanto no livro quanto no filme, uma das pistas mais importantes no caso do assassinato de Tony Curran (Geoff Bell) é uma foto deixada para trás na cena do crime. No livro, ela mostra Tony ao lado de Jason Ritchie, filho de Ron e ex-boxeador famoso; e Bobby Tanner, um gângster das antigas. A polícia procura pelos dois, mas também foca em descobrir quem tirou a foto - no caso, Gianni Gundz, conhecido como Gianni Turco, que se prova uma peça chave do caso.
O filme simplifica bastante essa história, eliminando totalmente Gianni da trama e mostrando Bobby (Richard E. Grant) na foto com Tony. Mas e Jason? Bom, na adaptação de O Clube do Crime das Quintas-Feiras o ex-esportista foi recortado da foto por Tony, mas uma reflexão de seu braço tatuado no espelho faz com que Donna (Naomi Ackie) mate a charada e descubra que Jason costumava trabalhar para o gângster.
4. Jason é preso (e tem um álibi escandaloso)
Por um tempo, portanto, Jason se torna o principal suspeito do assassinato de Tony. E o filme leva isso mais adiante do que o livro, fazendo o chefe de investigação Chris Hudson (Daniel Mays) prender o filho de Ron pelo crime, uma vez que ele se recusa a responder as perguntas da polícia.
No fim das contas, no entanto, há algo muito menos sinistro por trás do silêncio de Jason: muito relutantemente, ele revela que está tendo um caso com a esposa de Ian Ventham, que consegue lhe prover um álibi para a morte de Tony. Assim, Jason é removido completamente do caso… o que não acontece no livro.
Na versão de Richard Osman para O Clube do Crime, o ex-boxeador é dado como suspeito mas acaba ajudando a polícia a desvendar o assassinato. É ele quem descobre o paradeiro de seu colega de máfia Gianni Turco, e portanto revela a possível motivação por trás do assassinato de Tony - Gianni tinha contas para acertar com o ex-chefe.
5. Quem tem medo de Bobby Tanner?
Mas e o temido Bobby Tanner? Tanto no livro quanto no filme, é Elizabeth quem encontra o gângster desaparecido - e, nas duas versões, ele está se escondendo por trás da fachada de uma floricultura muito bem-sucedida.
A diferença é que, na página, Tanner foi expulso da organização criminosa da qual fazia parte e se reencontrou em outro país, descobrindo a paixão pela jardinagem e reconstruindo sua vida com outro nome. Ele não é responsável por nenhuma das mortes do livro, e Elizabeth (após encontrá-lo com a ajuda das câmeras de vigilância de um cemitério) decide deixá-lo viver com sua nova identidade.
No filme, Richard E. Grant vive uma versão mais moralmente duvidosa de Tanner, que é retratado como um grande chefão da máfia que, para escapar das consequências de seus atos, encontrou uma nova fachada para seus negócios. Ainda ameaçador, ele é encontrado por Elizabeth (desta vez, porque mandou um stalker para segui-la) e se revela como um dos investidores em Coopers Chase.
6. O drama de Bogdan
O filme não ousou mudar a resolução do assassinato de Tony Curran: foi mesmo Bogdan quem o matou, mas por motivos totalmente diferentes a depender da versão.
No livro de Richard Osman, descobrimos que Bogdan viu Tony matar um de seus amigos de máfia, um rapaz de boa índole que tinha acabado de chegar à Inglaterra. Foi a gota d’água para ele, que tentou sair desse negócio e se reconstruir enquanto aguardava o momento certo para se vingar do chefe.
Já no filme, o vínculo entre Bogdan e Tony é mais imediato, uma vez que descobrimos como o homem assassinato comandava uma operação de tráfico humano - trazendo imigrantes para trabalhar por pouco dinheiro na Inglaterra, enquanto mantinha seus passaportes escondidos a fim de que eles não fugissem.
Bogdan foi vítima desse esquema, mas queria voltar à sua terra natal (a Polônia) para visitar a mãe doente. Numa bela tarde, invadiu a casa de Tony para procurar pelo passaporte, e o matou em legítima defesa quando ele chegou em casa e iniciou uma briga com o polonês.
7. As histórias cortadas
Entre as grandes perdas na adaptação do livro para o filme estão as histórias de Padre Mackie (Joseph Marcell) e Bernard (Martin Bishop). Na tela, ambos fazem parte da comunidade de Coopers Chase, mas nenhum deles é visto como suspeito dos assassinatos pelo Clube, e portanto nenhum deles precisa contar sua história a eles.
A saber: no livro, Mackie nem mesmo mora no local, mas vai até lá tentar impedir a obra no antigo cemitério das freiras por questões afetivas - décadas atrás, ele teve um caso com uma das irmãs e certa noite a descobriu morta em seu dormitório, negociando com a madre superiora para que ela fosse enterrada junto com as outras freiras, em troca de desistir da própria batina.
Já Bernard é apresentado como um possível interesse romântico de Joyce no livro, mas também esconde um segredo antigo: o cemitério (ou, melhor, um banco do lado de fora) é o local de descanso final de sua esposa, Asima. Quando ela faleceu e foi cremada, Bernard se recusou a dar as cinzas para a filha de Asima, que ainda seguia os costumes da religião hinduísta (ao contrário da mãe) e as espalharia no Ganges.
Ao invés disso, Bernard deu cinzas falsas à filha da esposa e enterrou Asima sob uma camada de concreto, embaixo do banco do cemitério. Em pânico ao saber que o local seria escavado para o desenvolvimento imobiliário de Ian Ventham, ele comete suicídio.