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Entrevista

Cinquenta Tons de Preto | "Quero procurar algo além da paródia", diz Marlon Wayans

Ator diz que filme marca um 'até logo' para o gênero

RF
01.03.2016, às 14H57.
Atualizada em 01.03.2016, ÀS 15H13

“Chega de paródias! É hora de buscar outros caminhos”. Esta é a determinação que o ator Marlon Wayans, rei da comédia paródica nos EUA há quase duas décadas, impôs para si após o lançamento de Cinquenta Tons de Preto (Fifty Shades of Black), que chega ao Brasil nesta quinta-feira. Com um rendimento estimado em US$ 11 milhões em solo americano, o longa-metragem tira sarro do blockbuster Cinquenta Tons de Cinza (2015), brincando com fetiches sexuais que escandalizam a classe média. Para o astro das franquias milionárias Todo Mundo em Pânico e Inatividade Paranormal, o projeto era uma forma de desafiar tabus e de dar um “Até logo!” para o filão que o consagrou e arriscar uma investida na TV, com um seriado chamado Marlon.

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É fundamental para um comediante mexer em assuntos que são delicados, como sexo, religião ou mesmo questão raciais, pois assim ele cumpre a vocação do humor que é tirar as pessoas da normalidade e expor o quanto certos comportamentos muito controladinhos podem beirar o ridículo”, diz o ator nova-iorquino de 43 anos em entrevista por telefone ao Omelete direto de Nova York. “Sobre o motivo de eu querer parar com as paródias... Bom de todos os subgêneros da comédia, este é o mais difícil, porque tudo, absolutamente tudo, das frases aos gestos, precisa ser engraçado, pois a função da paródia é o exagero, é superlativar aquilo que ela assume como alvo. Aprendi isso vendo os filmes do Mel Brooks e do grupo Monty Python. Mas é hora de eu fazer algo diferente. Não quero que meu nome seja sinônimo de algo que as pessoas já esperam. Quero surpreender”.

Ao longo de uma carreira iniciada em 1988, Wayans já fez TV várias vezes, mas o projeto Marlon, para o canal NBC, será uma dramaturgia voltada para um cotidiano familiar, tendo o humorista como um sujeito comum em busca de afirmação na vida, no amor e no trabalho.

Estamos preparando um piloto agora e, nessa experiência, eu tenho visto o quanto a TV virou um lugar bastante interessante para quem quer se expressar com liberdade, buscando novas formas de dramaturgia”, diz o ator, que em Cinquenta Tons de Preto interpreta Christian Black, um (suposto) milionário às voltas com a reeducação erótica de uma jovem. “Fazer um filme como esse só funciona, na tela, se você se diverte nas filmagens. A graça do set é que dá o molho das piadas na hora de filmar”.

Protagonista de comédias trash como As Branquelas (2004) e O Pequenino (2006), Wayans teve uma atitude neutra em meio aos protestos da comunidade negra dos EUA acerca do Oscar, em função da falta de candidatos afrodescendentes às categorias de melhor ator e atriz. Respeitado também por cineastas mais autorais como Darren Aronofsky e os irmãos Coen, com quem trabalhou respectivamente em Réquiem Por Um Sonho (2000) e Matadores de Velhinhas (2004), o astro diz que o preconceito pode ser driblado com trabalho.

Há anos eu sou produtor dos meus próprios filmes e eu o faço porque, num ambiente como Hollywood, um negro como eu não pode ficar sentado esperando um projeto cair no seu colo, para torná-lo alguém popular”, diz Wayans. “Aqui a gente tem que se virar e trabalhar. Um artista negro precisa encontrar os seus meios para se expressar, sem depender da indústria. Ela não vai olhar por nós. E, mais do que isso, você não pode ficar rotulado como alguém que faz um só gênero, um só formato narrativo. É bom ter uma carreira múltipla, saber jogar em diferentes frentes. É preciso transcender não apenas os limites impostos à nossa cor...”.

A única conexão sólida que Marlon manteve em quase 30 anos de cinema foi com seus parentes artistas: os Wayans são um dos clãs mais bem-sucedidos no audiovisual em seu país. Seus irmãos Keenen Ivory, Damon, Kim, Nadia, Shawn, Elvira e Diedra Wayans são todos ligados ao entretenimento, seja compondo músicas, cantando ou fazendo cinema na direção ou na produção.

É bom fazer parte de um legado artístico e mostrar às pessoas de que não crescemos sozinhos, mas é sempre bom preservarmos a nossa individualidade”, diz Wayans. “Eu tenho a meta de um dia ser tão grande quanto meus ídolos do humor, como os atores Richard Pryor e Eddie Murphy. Mas, para isso, preciso trabalhar muito. Estou apenas começando”. 

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