CCXP e o futuro do conteúdo brasileiro: IA, streamings e a luta por recursos
Omelete conversou com Marilia Marton, secretária de Cultura do Governo de SP
Créditos da imagem: Daniel Deák/Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de SP
A CCXP consolidou-se como o ponto de encontro de todo o ecossistema geek, funcionando como um verdadeiro megafone para as discussões mais urgentes do audiovisual. Para Marilia Marton, Secretária de Cultura do Estado de SP que conversou com o Omelete durante a CCXP25, o evento e sua ala de negócios, a Unlock, são cruciais, pois atraem o mercado, geram conteúdo de qualidade e, sobretudo, levantam debates sobre a essência criativa humana. A preocupação é real: ela cita o caso de uma música 100% sintética que alcançou 7 milhões de visualizações, enfatizando que a prioridade deve ser valorizar a criatividade real, o que está dentro de cada um de nós, frente ao avanço da Inteligência Artificial.
A boa notícia, que ganhou destaque nos palcos da CCXP, é o crescimento da produção nacional. O aumento inédito de conteúdos brasileiros divulgados no evento é um forte indicador de que o Brasil está produzindo com mais qualidade. Isso é fruto, em parte, de novos incentivos da Secretaria, que incluem formas inéditas de distribuição de recursos e um foco inédito em mercados como o de curtas-metragens de animação. Marilia destacou que a própria TV Cultura agora está olhando para o universo geek, sinalizando uma mudança de mentalidade onde o importante não é apenas produzir, mas sim fazer com qualidade e ter um plano para que o público encontre o conteúdo.
Entretanto, a produção nacional enfrenta um grande obstáculo: a divulgação. A Secretária foi enfática ao afirmar que o setor falha em aplicar recursos suficientes em publicidade e promoção, o que prejudica o consumo do que está sendo feito. A CCXP serve, então, como um palco vital para corrigir essa falha e dar visibilidade a esses projetos. É nesse contexto que entra o debate mais espinhoso: a regulamentação do streaming (VoD).
Os profissionais do audiovisual exigem urgência na definição de cotas nacionais e taxas de investimento por parte das plataformas. Marilia adotou uma postura de cautela para sinalizar que o avanço deve ser “step-by-step”. Ela também criticou firmemente a proposta de diluir o montante arrecadado pelo VoD de forma indiscriminada. Segundo a Secretária, essa distribuição tende a penalizar estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que investiram historicamente no setor, sob a falsa justificativa de que "já possuem recursos".
Ela ainda defende que a regulamentação precisa respeitar a maturidade diferente de cada estado, pois um polo como o Rio Grande do Sul (com o Festival de Gramado como destaque) tem uma realidade distinta de um estado do Nordeste sem histórico de grandes festivais. Portanto, o debate sobre o VoD realizado na CCXP visa proteger o investimento local e garantir que os recursos aportados impulsionem o setor de forma sustentável, focados na qualidade e na melhoria contínua.
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