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Filmes
Entrevista

Produtora de Caso Eloá, da Netflix, critica sociedade: "Ainda culpamos a mulher"

Omelete conversou com a diretora Cris Ghattas e a produtora Veronica Stumpf

Omelete
4 min de leitura
24.11.2025, às 19H36.
Atualizada em 24.11.2025, ÀS 19H49
Produtora de Caso Eloá, da Netflix, critica sociedade: "Ainda culpamos a mulher"

Em seu novo documentário para a Netflix, Caso Eloá – Refém ao Vivo, a diretora Cris Ghattas (Isabella: Caso Nardoni) reconstrói o sequestro que chocou o Brasil em outubro de 2008, quando a adolescente de 15 anos Eloá Cristina Pimentel foi mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves. O episódio de violência ganhou repercussão nacional e internacional, especialmente por sua intensa cobertura ao vivo pela mídia e pelas críticas à condução policial da operação.

Como o formato de true crime se tornou cada vez mais popular no mundo inteiro, filmes e séries sobre temas envolvendo assassinatos, sequestros, violência sexual e outros assuntos dignos das páginas policiais ganharam os serviços de streaming. No caso de Eloá, com tanto material para trabalhar envolvendo entrevistas com envolvidos, vídeos de recapitulação e imagens de arquivo, seria natural que o caso recebesse o tratamento de uma série — seja ela documental ou ficcional. Mas Ghattas optou por investir no formato clássico de um longa-documentário.

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Em entrevista ao Omelete, Ghattas explicou que a ideia inicial era desenvolver uma minissérie em três episódios, mas foi durante a produção que sua percepção mudou.  “A gente foi caminhando para a ideia e formato do longa e entendemos que para essa história era mais interessante esse formato.” 

Ela afirmou que, como todo documentário, é na decupagem e montagem que o projeto, de fato, ganha forma. “Isso vai começar sempre de um jeito, vai mudando e só se define quando a gente entrega.” Para a cineasta, o formato de longa-metragem “oferece a profundidade emocional necessária para tratar de maneira respeitosa e concentrada a tragédia de Eloá, sem fragmentar a narrativa para entretenimento episódico.”

Um cenário trágico (e muito atual)

Entre os aspectos mais marcantes da produção, a produtora Veronica Stump revelou sua surpresa — ou talvez indignação — diante da persistente culpabilização da vítima por parte da sociedade. No caso de Eloá, a constante exaltação de Lindemberg e a insistência de torná-lo o verdadeiro protagonista desta história, na visão dela, contribuíram para o resultado trágico. 

“Revivendo esse caso, me chamou a atenção como a gente como sociedade ainda culpa a vítima. A mulher ainda é culpabilizada pela sua própria tragédia. As pessoas não param para observar, e isso acontece até agora”, pontuou. 

Ela ainda citou um episódio recente, o assassinato da jovem Vitória pelo namorado, para ilustrar como esse padrão social se repete. “O que mais me choca é que, apesar de terem já se passado 15 anos [do Caso Eloá], como sociedade, a gente ainda continua culpando a vítima. A mulher é sempre a vítima porque o homem é tratado de forma diferente. Isso me entristece e me chora ao mesmo tempo.”

À reportagem, a diretora Cris Ghattas também refletiu sobre a atualidade desse tipo de violência: “Essa narrativa de violência extrema contra mulher se repete e com padrões muito semelhantes. Estamos falando do caso Eloá, mas é a história da Maria, da Joana, da Roberta”. Para ela, trata-se de uma herança cultural patriarcal, na qual muitas pessoas ainda vêem a mulher como objeto de posse. 

O documentário, segundo Ghattas, não pretende apenas recontar os eventos marcantes do caso, desde a invasão do apartamento em Santo André até a invasão policial pelo GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), encerrada tragicamente com os disparos que atingiram Eloá na cabeça e na virilha, resultando em sua morte. Ele busca também expor falhas institucionais e midiáticas: críticas apontam que a mídia transformou o sequestro em espetáculo ao vivo, inclusive com entrevistas ao sequestrador pela TV durante a crise. 

A cineasta considera que essa revisitação é essencial para refletir sobre responsabilidade coletiva — social, institucional e mediática — e para dar voz a Eloá, resgatando sua humanidade em vez de reduzi-la à vítima de um crime.

Com depoimentos inéditos da família, amigos e jornalistas, além de trechos do diário pessoal da jovem assassinada, Caso Eloá – Refém ao Vivo estreou na Netflix com o desafio de revisitar uma tragédia real com cuidado, crítica e empatia. A iniciativa de Ghattas reforça que a reflexão sobre violência de gênero, cobertura midiática e responsabilidade pública continua sendo urgente — mais de 15 anos depois dos acontecimentos.

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