Blood Brothers - Festival do Rio 2007
Filme produzido por John Woo parece caricatura dos longas do diretor chinês
Blood Brothers (Tian tang kou, 2007) do diretor Alexi Tan, é inspirado no clássico Bala na Cabeça do cineasta John Woo. O filme original é recheado de seqüências espetaculares e eletrizantes que renderam a Woo, merecidamente, o rótulo de "Sam Peckinpah chinês". Uma obra-prima calcada na violência estilizada. Infelizmente, Tan não conseguiu o mesmo resultado de Woo, que atuou como produtor na nova empreitada. O filme resultante é cafona, chato e sem um pingo de originalidade.
O roteiro é parecido com o filme de John Woo. Kang, Fung e Xiao Hu, três jovens ingênuos, chegam à Xangai dos anos 30 em busca de uma vida melhor. A capital era na época uma cidade moderna, repleta de glamour e violência. Kang é ambicioso e está disposto a tudo para atingir seus objetivos. Seu irmão Xiao Hu, o admira cegamente. Fung, por sua vez, foi parar na cidade a contragosto e terá que lutar para encontrar seu caminho num ambiente agressivo. Por vias distintas, os três acabam entrando no mundo do crime e começam a se voltar uns contra os outros.
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blood brothers
Tan, talvez com receio de ser comparado com Woo, preferiu investir no melodrama. Só que fez isso com uma mão pesada. São seqüências de dar inveja às novelas mexicanas. A cada cena marcante a trilha sonora aposta no volume alto para causar uma reação no espectador. Pena que a conseqüência desse recurso sejam risadas por tamanha cafonice. Os atores aproveitam esse clima para abusar nos olhares, caras e bocas, com interpretações exageradas. Os diálogos são declamados sem credibilidade. Para entornar o caldo de vez, os personagens se envolvem em situações amorosas sem uma consistência dramática.
A trama investe em clichês batidos e explorados a exaustão. Tem a relação do irmão agressivo com o irmão covarde, o capanga que se envolve com a mulher do chefão, o confronto entre dois amigos por causa de suas escolhas éticas. Os sentimentos de honra e companheirismo entre amigos de infância não são bem desenvolvidos. Dessa forma fica difícil se importar com os personagens. Com a falta dessa característica o argumento perde sua força. Tan ainda inventa de contar as histórias deles através de flashbacks na esperança de criar essa empatia.
As cenas de ação até que funcionam, mas são poucas - e se comparadas as realizadas por John Woo, parecem feitas por um amador. Tecnicamente, o filme conta com figurinos e cenários interessantes. Mas o diretor compromete esse acerto ao tentar dar um clima de "Chicago mafiosa dos anos 30" na concepção de Xangai. As diversas cenas de cabaré pioram esse tratamento. Fica a impressão de que a qualquer momento Al Capone vai entrar em cena para tomar o poder. Ao final da projeção o espectador fica com a impressão de que assistiu a um filme sem qualidade envolvendo a Máfia, interpretado por caricaturas.