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Bela Noite Para Voar

Tentativa de mostrar conspiração que queria derrubar JK do poder

12.03.2009, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H45

Quando era pequeno me lembro do meu avô contando "causos" de Juscelino Kubitschek, tido por ele como o melhor presidente que o Brasil já teve. Foram os anos dourados do Brasil, a Bossa Nova, o sonho de ser grande e independente, de crescer 50 anos em 5. O trailer de Bela Noite Para Voar (2009) mostra isso no discurso em que JK (José de Abreu) faz um pronunciamento cortando relações com o FMI.

O filme acompanha 24 horas da vida do presidente, entre reuniões no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, voos pelo interior do país, uma passagem pela Brasília em construção e um encontro com a Princesa (Mariana Ximenes), sua amante em Belo Horizonte. Ao menos esse era o itinerário inicial. Enquanto está indo de um lado para o outro com seus planos e bravatas, JK acaba ignorando o fato de que existe um golpe de estado sendo planejado contra ele.

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Inspirado no livro homônimo de Pedro Rogério Moreira, o roteiro cria paralelos entre o que estava fazendo o populista e incansável politico e aqueles que queriam derrubá-lo. E aí a lista vai longe, de representantes do governo estadunidense a parte das forças militares e até o também político Carlos Lacerda (Marcos Palmeira), que já havia sido peça primordial na oposição contra Getúlio Vargas. Como é explicitado em um dos primeiros diálogos do filme, em uma festa, "Há aqui tantos patriotas quanto traidores da pátria".

Mas apesar da necessidade de deixar tudo bem claro e mostrar didadicamente quem está por trás de quê, há muitos personagens na trama. E, o que é pior, interpretados por atores ruins e/ou mal dirigidos, que não convenceriam nem um soldado raso a embarcar no golpe.

É difícil também dizer se é proposital - como no trailer - ou não, a forma caricata como acontecem cenas de "ação", que acabam ficando engraçadas pela forma "Trapalhões" como se desenvolvem. Seria uma homenagem aos filmes da época? Acho difícil e explico: sobram no texto algumas vagas lembranças de que o presidente e sua amante eram mineiros, quando surgem do nada uns "d'ocê" e "uai" perdidos no meio do texto. São ruídos que destoam do resto das próprias interpretações, que não tentam carregar no sotaque e iam bem até então.

E por falar no texto, é preciso ressaltar também a tentativa do longa em bater o recorde de frases de efeito por minuto, soltando pérolas como "Sapo não pula pela boniteza, mas pela precisão". Fica parecendo um curso de auto-ajuda.

Preciso, no entanto, elogiar a corajosa tentativa do diretor Zelito Viana de fazer um filme de conspiração no Brasil. Ele até tenta cria uma tensão ao incluir fotos da época dos locais utilizados para tramar ou interceptar o golpe - sempre carregados por uma trilha sonora mais densa. Mas não vai além disso. Faltam tensão ou um real sentimento de que o presidente realmente estava em risco. Queria que meu avô, mineiro bom de prosa, estivesse aqui ainda para contar a versão dele, certamente mais envolvente e que não teria como trilha sonora a canção popular "Como Pode um Peixe Vivo Viver Fora A'água Fria" no desfecho do clímax.

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