Cineasta brasileira é presa por imigração dos EUA em entrevista para green card

A cineasta brasileira Bárbara Marques, autora de curtas como Dia de Cosme e Damião (2016) e Cartaxo (2020), foi detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) durante uma audiência para obter legalmente o green card - documento para estrangeiros que residem permanentemente nos EUA.

O marido de Marques, um montador e ator estadunidense chamado Tucker May, tem tentado chamar atenção para a história no seu Instagram, contando detalhes do acontecido e pedindo ajuda financeira para bancar a defesa legal da esposa.

Segundo os relatos de May, a de tenção de Marques aconteceu logo depois de uma reunião com agentes de imigração em um prédio do governo no centro de Los Angeles (EUA). Ele contou que os atendentes disseram a ele, Marques e seu advogado que estava tudo certo com a documentação, e a reunião tinha sido um sucesso.

No entanto, logo depois disso, os atendentes teriam usado a desculpa de uma impressora quebrada para separar Marques de seu advogado, e foi neste momento que ela foi presa por agentes do ICE. A justificativa oficial para a detenção da brasileira é sua suposta ausência em uma audiência judicial de 2019 - tanto Marques quanto o marido alegam que não receberam nenhum tipo de chamado para tal audiência na época.

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A cineasta foi levada para o Centro de Detenção de Adelanto, no interior da Califórnia, onde ficou detida sem acesso ao seu advogado e a documentos importantes para o seu processo de imigração. Recentemente, ela foi transferida do local para outro centro de detenção, no Arizona.

De acordo com May, Marques conseguiu ligar para ele deste novo centro de detenção. Durante a ligação, ela contou que as condições por lá são alarmantes - os agentes de imigração teriam negado a ela um medicamento necessário para um problema de saúde crônico, e alimentariam os detentos apenas uma vez a cada 12h.

"Estou pedindo ajuda para atrair a atenção da mídia e das autoridades para estes múltiplos lapsos no processo legal, que levaram à injusta deportação de uma mulher cujo casamento legal foi legalmente reconhecido pelas agências de imigração", escreveu May.

Desde a posse de Donald Trump em seu segundo mandato como presidente dos EUA, no começo de 2025, os processos de imigração conduzidos pelo ICE tem sido alvo de escrutínio público - críticos apontam múltiplos casos de abuso de poder pelo Serviço, ultrapassando os limites legislativos de detenção de imigrantes ilegais nos EUA.

O caso de Marques, inclusive, lembra bastante a trama do curta metragem A Lien, que mergulha nos bastidores das agências de imigração e retrata as estratégias do ICE para enganar imigrantes legais e detê-los durante reuniões nesses prédios governamentais. O curta foi indicado ao Oscar 2025 da categoria.