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Atravessando a ponte - O Som de Istambul

Um retrato sobre a cena musical turca

EV
06.06.2007, às 16H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 11H01

Às vezes, grandes filmes rendem bons filhotes a partir de seus bastidores. É o caso deste documentário, dirigido por Fatih Akin.

Durante a gravação da trilha sonora de seu Contra a parede, que o consagrou em 2004, Akin ficou impressionado pela comunicação musical entre o clarinetista turco Selim Sesler e o músico alemão Alexander Hacke. No ano seguinte, contrariando as expectativas da crítica, que esperava mais um filme de ficção, o diretor lançou este Atravessando a ponte, um documentário sobre a atual cena musical e cultural de Istambul, a megalópole da Turquia.

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Alemão descendente de turcos, Akin é obcecado em escavar e traduzir a cultura dos seus antepassados. Aqui, ele vai fundo no que habita os ouvidos do povo local. Hacke, músico da lendária banda germânica Einstürzende Neubauten, assume o papel de personagem principal e alter-ego do diretor na documentação, desembarcando em Istambul com um mini-estúdio nas malas para gravar a música que não chega nas fronteiras pop do circuito ocidental. A ponte do título faz referência à própria Turquia. Encravado no limite entre a Europa e Ásia, o país costuma ser referenciado como uma "ponte" entre o Ocidente e o Oriente, fundindo as duas culturas em uma massa singular. A música do lugar, como não poderia deixar de ser, se aproveita dessa bagunça de referências de cá e de lá - e é esse retrato que o filme traça.

Didático, Akin faz questão de iniciar a viagem com imagens facilmente mastigáveis pelos ocidentais - como o Baba Zula, grupo apadrinhado por Mad Professor, que se beneficia dos cenários naturais para criar psicodelias sobre ritmos locais, os roqueiros do Duman e da Replika, uma "versão turca" de Sonic Youth. Essa primeira fase exibe também o hip hop de Istambul, politizado, com mais referências ao Public Enemy do que ao gangsta. Acompanhar o rapper Ceza cantando em turco se prova uma experiência e tanto para os acostumados ao som que vem dos EUA.

À medida que o filme avança, o diretor apresenta as sonoridades de maior ligação com a borda oriental do país - mas sempre aos poucos, com consciência de que pode enfrentar uma audiência sem paciência para aprender mais sobre a baglama, instrumento especialidade de Orhan Gencebay, uma das grandes estrelas do país. Sem inovar muito na forma, Akim se detém mais no conteúdo: na montagem final, depois de mais de 150 horas de gravação, dá mais espaço para a música do que para grandes discursos (apesar de revelar sensacionais personagens, como o enfant terrible Erkin Koray, na ativa desde a década de 50). Pode ser um problema, já que poderia se aprofundar mais em como funciona a relação dos músicos turcos com suas influências vindo de lados diferentes do globo. Mas alcança seu objetivo ao instigar sua platéia ao Google, em busca de mais detalhes sobre o rol apresentado na tela.

A ponte está aí, mais aberta do que nunca. É só aproveitar.

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