Depois do lançamento de O Quarto ao Lado no ano passado, Pedro Almodóvar anunciou que seu próximo filme se chamaria Amarga Navidad e seria “uma comédia trágica sobre gêneros”. O “Natal amargo” não será, porém, uma típica comédia almodovariana, diz a produtora Esther Garcia.
Durante a Rio2C, onde veio palestrar sobre seu trabalho à frente da produtora El Deseo, Garcia falou ao Omelete sobre os 40 anos de parceria com Almodóvar e explicou: “Sem dúvida o filme tem aspectos do olhar de Almodóvar a respeito dos dramas, mas não se trata de uma comédia. Por exemplo, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos era uma comédia porque aconteciam coisas que permitiam olhar o drama de outro lugar. No caso de Amarga Navidad alguns aspectos podem parecer pouco dramáticos mas a história trata de um drama”.
Depois do trabalho com Julianne Moore e Tilda Swinton em inglês, Almodóvar retorna ao espanhol com o novo longa, uma história original, mas Esther Garcia não considera o projeto uma “volta para casa”. “Não vemos aquele como um filme americano porque o financiamento é espanhol e só rodamos uma parte nos EUA, quando a história pedia. Era importante para Pedro que fosse em inglês porque se tratava de uma personagem que é escritora americana, mas nunca enxergamos isso como o começo de carreira americana ou algo assim. Amarga Navidad não é uma volta para casa, apenas uma volta ao espanhol.”
Para além dos filmes com Almodóvar, Esther Garcia comemorou em meados de maio o prêmio recebido por Sirât no Festival de Cannes, o Prêmio do Júri. Trata-se do novo longa do diretor espanhol Oliver Laxe, que já havia sido premiado na mostra Un Certain Regard de Cannes com o seu O que Arde em 2019. Garcia produziu Sirât e acompanhou de perto a breve rivalidade que se colocou nos prognósticos das revistas francesas quando Sirât dividiu favoritismo em Cannes com o brasileiro O Agente Secreto.
“Ver seu filme cheio de ‘palmitas’ nas análises das revistas é uma grande alegria, mas na realidade a gente sempre lembra que os jurados não pensam da mesma maneira. Em outras vezes já pensamos que sairíamos vencedores e não deu. Eu imagino que o pessoal do filme brasileiro tenha passado pela mesmíssima situação, e é emocionante compartilhar esse momento. Eu não consegui ver O Agente Secreto no festival mas tenho muita vontade”, diz Garcia.
“O cinema latino-americano sempre esteve numa posição das mais criativas, o que não significa que tenha conseguido os resultados econômicos melhores. O talento latino-americano é sem dúvida um dos movimentos intelectuais mais importantes, tanto que vemos tantos latinos em posição predominante em Hollywood. Creio que as ideias e a maneira de olhar dos latinos sejam mesmo diferenciados”, completa a produtora.
O Rio2C está acontecendo na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, até o dia 1 de junho.
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