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A verídica verdade verdadeira sobre Adolf Hitler - Festival do Rio 2007

Suíço cria comédia que tem o ditador nazista como protagonista

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24.09.2007, às 01H40.
Atualizada em 09.01.2017, ÀS 07H03

A verídica verdade verdadeira sobre Adolf Hitler (Mein Führer - Die wirklich wahrste Wahrheit über Adolf Hitler, 2007), do cineasta suíço Dani Levy, é a primeira comédia alemã a ter o ditador como protagonista. O nazismo sempre foi um assunto tabu no país, mas de um tempo para cá o cenário vem mudando, principalmente depois do lançamento de A Queda! Os Últimos Dias de Hitler. Com essa comédia, Levy tentou alçar um vôo maior. Infelizmente ficou só na tentativa. Seu filme não consegue ser engraçado e ainda desperdiça muitos momentos em um melodrama pueril. E é essa falta de identidade sobre o tema que completa o desastre.

O argumento prometia um filme divertido. Em dezembro de 1944, Berlim está em ruínas e a guerra parece totalmente perdida. Hitler está deprimido demais para fazer o tradicional discurso de Ano Novo, que poderia motivar novamente a nação. A única pessoa que poderia ajudá-lo é o seu antigo professor de teatro. O problema é que ele é judeu e está em um campo de concentração. Goebbels decide resgatá-lo e oferece ao professor a liberdade, com a condição de preparar Hitler para o discurso. Tarefa difícil. Fora de controle, o ditador está viciado em drogas, brinca com barquinhos na banheira e gosta de vestir o seu cachorro com uniforme nazista.

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Partindo dessa idéia as possibilidades eram imensas. Mas infelizmente Dani Levy perdeu o rumo. Seu filme não tem ritmo e é enfadonho em quase toda a duração. As piadas são requentadas e sem brilho próprio. O ator escalado para personificar Hitler, o comediante Helge Schneider, confunde depressão com estado catatônico e sua interpretação beira ao ridículo. A maquiagem forçada só piora o resultado.

Os outros personagens históricos nazistas são caricaturas sem alma. Não conseguem arrancar nem sorrisos. O espectador fica mais tentado a sentir pena dos nazistas do que achar graça de suas ações. Para piorar, o judeu Adolf Grünbaum, interpretado por Ulrich Mühe, não consegue encontrar o tom do papel. Sua atuação beira o drama, mesmo em uma situação estapafúrdia.

Para completar o equivoco, o diretor cria subtramas, como um plano ridículo para assassinar Hitler concebido por Goebbels. Também inventa um drama de consciência entre Adolf Grünbaum e sua família, que discutem a possibilidade do pai ajudar ou não o Führer.

Desagradando gregos e troianos

Mesmo os judeus ficaram ofendidos com a história escrita por Levy, pois ele responsabiliza as atrocidades cometidas por Hitler no tratamento agressivo que ele recebia de seu pai. Levy alegou que não quis ler nada sobre o Führer para não ser influenciado. Seu roteiro tem como inspiração o livro "For Your Own Good", da psicanalista Alice Miller, que defende essa teoria sobre as barbaridades feitas por Hitler e Stalin.

Teorias à parte, o fato é que outros cineastas já haviam feito comédia sobre Hitler e com resultados muito mais interessantes. Podemos citar O Grande Ditador (1939), de Charles Chaplin, e Sou ou não Sou (1942), de Ernest Lubitsch, que ganhou uma refilmagem realizada por Mel Brooks, em 1983. Em ambos os casos os filmes eram divertidíssimos e não criavam teorias canhestras para justificar o ditador nazista. Pelo contrário, demonstravam os perigos de ter fé cega no nacional socialismo. O filme de Levy não conseguiu ser uma coisa e nem outra, tornando-se apenas um desserviço narrativo e histórico.

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