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A Bela Junie

Pra abrir 2009, o novo filme de um jovem cineasta francês que marcou as telas brasileiras em 2008

31.12.2008, às 12H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H43

Como diz o crítico de cinema Inácio Araújo, à falta de temas urgentes o cinema francês vai atrás de inventá-los. O tema urgente do roteirista e diretor Christophe Honoré - como já tinha ficado claro em 2008 com o lançamento no Brasil de Em Paris (2006) e Canções de Amor (2007) - são as paixões da juventude.

Mais jovens foram ficando os amores de Honoré até chegar a este A Bela Junie (La Belle Personne, 2008). A moça de 16 anos que dá nome ao filme, interpretada pela lânguida Léa Seydoux, acaba de chegar a um novo colégio, no meio do ano letivo, depois da morte de sua mãe. Ali rapidamente se enturma com os amigos de seu primo, fica com um deles, e vira objeto de afeição do professor de italiano, Nemours (Louis Garrel).

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Não só mais jovens, como também foram ficando mais intensos e impetuosos. Uma sinopse como a acima não dá conta de traduzir o arrebatamento de Nemours diante da beleza desarmada e fértil de Junie - e desde o momento operístico na aula de italiano em que o professor pousou os olhos sobre a aluna a paixão foi imediata. Não convém detalhar aqui o que acontece em seguida; sabemos do que paixões imediatas são capazes.

O fato de A Bela Junie ser uma adaptação livre do romance La Princesse de Clèves, de Madame de La Fayette, escrito no século XVII, só prova que jovens paixões são tema urgente na França há muito tempo. Independente da origem, Honoré está mais interessado em flanar pelo mundo dos adolescentes - o filme abre com os portões da escola e não se esquece de "fechá-los" próximo do fim. É literalmente um exercício de reconhecimento: na hora da chamada, a câmera passa de carteira em carteira, inclinada, como se estivesse do ponto-de-vista subjetivo do professor.

O que Honoré aprende nesse novo mundo pode ser um pouco aborrecedor para quem já conhece suas obsessões: basicamente, a renovação da consciência, uma consciência trágica, de que paixão não é coisa feita para durar, tanto que estamos todos fadados, como o próprio Louis Garrel em Canções de Amor, a nos apaixonar de novo e de novo para preencher um vazio inexplicado. Como A Bela Junie trata também de primeiros contatos com essa consciência, temos a amplificação: o amor se alastra por aulas de russo, sessões de filmes africanos e, como sempre, toma as ruas de Paris.

Há muito de adolescente (pra não dizer logo de infantil) na forma como Christophe Honoré monta suas cirandas, coreografando mesmo os movimentos dos casais, então talvez em A Bela Junie ele tenha encontrado o palco ideal para encenar seu tema urgente - embora não dê pra dizer que de Em Paris e Canções de Amor temos aqui uma evolução latente.

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