Quando se fala de clássicos de terror, O Bebê de Rosemary nunca deixa de ser listado entre as produções mais influentes do gênero. Hoje considerado mais próximo de um thriller psicológico, a primeira produção americana de Roman Polanski deu o pontapé para uma série de histórias sobre o anti-cristo, e se tornou referência não só pela sua fotografia, mas por uma série de elementos que seriam vistos novamente no suspense, desde maternidades perturbadoras à mensagens subliminares de questões sociais e de gênero.
A Profecia (1976) – o anticristo
O Bebê de Rosemary iniciou uma fase intensa de retratos do diabo no cinema, incluindo outros clássicos como O Exorcista, mas uma de suas maiores influências é vista em A Profecia, lançado oito anos depois. Os longas foram comparados principalmente por focar na relação entre o filho do anti-cristo e sua mãe, e em relacionar o diabo com uma figura materna humana. Curiosamente, o remake de A Profecia de 2006 trouxe Mia Farrow no papel da babá, criando teorias de que a atriz estaria reprisando seu papel como defensora do diabo.
Elogiado até hoje por sua inovação e relembrado sempre pela atuação impecável do elenco – liderado pela Mia Farrow no papel principal, em um de seus papeis mais icônicos – O Bebê de Rosemary permanece atual técnica e tematicamente. Celebrando os seus 50 anos, reunimos alguns longas que seriam diferentes se o marco de Polanski não tivesse sido feito.
Advogado do Diabo (1997) – o marido
O thriller de mistério com Keanu Reeves e Al Pacino é outro que traz diversos paralelos com o Bebê de Rosemary. Um dos principais é a relação entre o protagonista e sua esposa, interpretada por Charlize Theron no longa de 1997. Em ambos filmes, o marido ascende profissionalmente por associação com a figura ou o culto satânico, enquanto a esposa passa por um desgaste físico e emocional do começo ao fim. Para completar, a personagem de Theron muda drasticamente de cabelo no meio do filme, assim como Rosemary.
Corra! (2017) – a mensagem por trás
Jordan Peele considera O Bebê de Rosemary como uma das maiores influências para o seu aclamado longa, Corra!, mas a associação vem por um motivo peculiar; sua mensagem social. Enquanto Rosemary pode ser analisado como uma crítica ao papel do feminino na sociedade, e as políticas sobre o corpo da mulher e seu direito sobre ele, Corra! é um terror psicológico que, por trás dos sustos, existe no contexto de racismo da sociedade: “Como Bebê de Rosemary, minha ideia era um thriller com uma mensagem social por trás, em que você coloca o público do ponto de vista do protagonista”, o diretor explica.
É o Fim (2013) – o estupro
A comédia apocalíptica de Evan Goldberg e Seth Rogen é completamente diferente dos gêneros desta lista, mas traz uma referência direta ao Bebê de Rosemary, apesar do tom drasticamente diferente da cena. A noite em que Jonah Hill é estuprado pelo diabo é uma recriação da cena mais icônica de Polanski, da estética dos olhos do demônio até a frase que é falada nos dois longas: “Isto não é um sonho, isto realmente está acontecendo!”.
O Babadook (2014) – a ligação
O Babadook, terror australiano que dominou o público em 2014, também traz uma íntima relação com O Bebê de Rosemary, principalmente na questão da ligação materna. Os dois filmes retratam mães superam fraquezas psicológicas ou físicas pela proteção do seu filho, e por mais distintas que sejam as tramas e seus antagonistas, as figuras maternas enfrentam seus medos e se tornam as maiores defensoras de sua cria.
Mãe! (2017) – a maternidade
Mãe!, lançamento de 2017 de Darren Aronofsky, remete ao Bebê de Rosemary a todo momento. Apesar de estar associado muito mais a uma releitura bíblica, o retrato da gravidez da protagonista e a sua falta de compreensão dos absurdos que acontecem ao seu redor relembram fortemente o longa de Polanski, principalmente pela intrusão de terceiros na vida de um pacífico casal. As comparações vieram até antes da estreia do filme, quando a produção divulgou um pôster igual ao clássico de 68.
O Presente (2015) – o apartamento
O Bebê de Rosemary é um dos capítulos da trilogia do apartamento de Polanski, composto também por Repulsa ao Sexo e O Inquilino. Os longas focam em uma locação que funciona quase como um personagem e serve como palco para os distúrbios da trama. O Presente, filme de Joel Edgerton, com Jason Bateman e Rebeca Hall, foi comparado principalmente na exploração da moradia com o mesmo estilo de filmagem de Polanski. Ao fim do filme, Edgerton inclui uma referência clara na simples frase: “está tudo nos olhos”, falando em referência ao bebê da protagonista.