Está aberta a Porta dos Desesperados no Festival do Rio 2015: nesta quinta-feira, a maratona cinematográfica carioca vai comemorar os 25 anos do mais cult dos filmes trash do cinema juvenil brasileiro, Lua de Cristal (1990), com direito à presença de Sérgio Mallandro no palco do cine Estação Net Botafogo. A sessão é às 0h.
“Eu estou mais príncipe hoje do que naquela época”, orgulha-se o homem que vendeu mais de um milhão de discos nos anos 1980 ccom o hit "Vem Fazer Glu Glu".
Hoje com 56 anos, Mallandro foi o príncipe encantado da então Rainha dos Baixinhos Xuxa Meneghel na comédia romântica teen de Tizuka Yamasaki, vista por 5 milhões de pagantes. E a comemoração para Lua de Cristal coincide com o momento em que o humorista ensaia uma volta à tela grande, com um projeto de comédia em longa-metragem cujo argumento é de sua autoria.
“Será a história de uma agência de estraga-prazeres. Faço o papel de um cara que é contratado para ferrar a vida dos outros”, diz Mallandro, em entrevista por telefone ao Omelete, lembrando que o projeto, ainda sem título, tem filmagem prevista para 2016, com produção de Caio e Fabiano Gullane (de Lobo Atrás da Porta).
Coadjuvante em fenômenos de bilheteria como Menino do Rio (1982), Mallandro - que hoje é ligado ao canal Multishow e roda o país com um show de stand-up comedy – optou por voltar ao cinema animado com o estado da produção verde e amarela nas telas.
“Sei que o Brasil não sabe para que lado vai, mas o nosso cinema está se segurando. O cinema brasileiro hoje anda em alta. Sei porque eu vejo todos os filmes nacionais que são lançados. Vi aqueles Até Que a Sorte nos Separe, aqueles bagulhos todos que a Ingrid Guimarães faz, como o De Pernas Pro Ar, que é muito legal. O mais recente que vi foi o Vai Que Cola, cujo povo é meu amigo. Gosto tanto de filme, que vou ao cinema até sozinho. Vejo de tudo, menos filme de terror”, confessa o comediante, cujo nome real é Sérgio Neiva Cavalcanti. “Outro dia, fui sair com uma gata e ela queria ver um filme de terror. Topei para não parecer medroso. Não dava para amarelar no primeiro encontro. Era um filme cascudo daqueles... pior que Jason de Sexta-Feira 13, com umas macumbas da grossa. Passei duas horas de olho fechado. Tudo pra poder comer alguém”.
No meio da turnê de seu stand-up, Mallandro promete voltar pro Rio às pressas na quinta para poder ver a projeção de Lua de Cristal e matar as saudades do blockbuster produzido por Diler Trindade.
“O filme me trouxe uma grande alegria na época. A Xuxa pediu que pusessem o meu nome na fachada dos cinemas, no letreiro, alegando que eu atraia a atenção dos meninos. Foi um letreiro imenso: Xuxa e Sergio Mallandro em Lua de Cristal. Aquilo me enchia de orgulho, sobretudo por ser um filme que falava de esperança, de sonho. Até hoje encontro gente que se emocionou com ele. Tem um trecho do espetáculo teatral que faço no qual conto a história em que o Maradona tentou pegar a minha mulher numa festa. Fui falar com ele e ouvi ‘Mas quem é você?’ e eu respondi: ‘Sou o príncipe da Xuxa. Yeah! Yeah!”, brinca o humorista, pai de Sergio Tadeu (29 anos), Stephany (22) e Edgar (18). “Lua de Cristal ainda é uma lição de vida”.
Apresentador do programa infantil Oradukapeta, no SBT da década de 1980, e do Show do Mallandro, na Globo, em 1990, o humorista trabalhou com cineastas de êxito popular como Antônio Calmon (Garota Dourada) e Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora) em seus 33 anos de cinema. Chegou a trabnalhar com Renato Aragão, o Didi, em O Trapalhão e a Arca de Noé (1983), e a protagonizar um longa infantil com seu nome: As Aventuras de Sergio Mallandro, de 1985.
“Foi um filme feito com pouquíssimo dinheiro que tinha poucas cópias. Mesmo assim, falo orgulho: a gente, naquele ano, teve mais público do que King Kong”, lembra-se Mallandro, referindo-se à versão do gorila gigante com Jessica Lange.
Em 2007, o cineasta André Moraes homenageou o comediante com um curta-metragem musical chamado A Ópera do Mallandro, com Wagner Moura e Lázaro Ramos. Hoje, prestes a retomar com fôlego sua trajetória cinematográfica, o humorista se diz de bem com a arte de viver.
“A maior malandragem da vida é se sentir feliz ao ver as pessoas felizes”, diz o comediante. “O bom malandro é aquele que sabe viver”.
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